Brasil

População e governo devem intensificar ações de prevenção à dengue, diz coordenador

Atualizada em 27/03/2022 às 13h10

BRASÍLIA - A pouco mais de quatro meses para o início do verão, estação do ano mais propícia à reprodução do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, o número de casos da doença registrados na Bahia chama a atenção para a necessidade de governo e população intensificarem as ações de combate ao mosquito.

“Estamos no período de baixa transmissão, quando é necessário intensificar as atividades de prevenção e controle. Para isso, é fundamental a participação efetiva da população, sem a qual é impossível termos bons resultados no combate à doença”, diz Giovanini Coelho, coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue, do Ministério da Saúde.

Com 101 mil casos confirmados até o último dia 8, a Bahia é o estado que registra o maior aumento no número de registros da doença em comparação ao ano passado. De acordo com Coelho, a maior incidência de casos se concentrou no interior do estado, onde problemas estruturais, entre outros fatores, podem ter contribuído para o avanço da dengue.

“É difícil avaliar a causa desse crescimento. Há muitas variáveis como, por exemplo, o fato de muitas das cidades não contarem com abastecimento regular de água, o que obriga as pessoas a recorrerem a reservatórios, onde o mosquito pode se proliferar. Outro aspecto pode estar relacionado às eleições municipais [de 2008]. Em alguns municípios houve descontinuidade das ações de prevenção”, afirma o coordenador.

Além da Bahia, outros seis estados contabilizam aumento no número de casos registrados em comparação ao ano passado: Acre, Roraima, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Apesar disso, nacionalmente, houve uma redução de 50% de pessoas infectadas.

Coelho, no entanto, destaca um fato preocupante: nacionalmente, os casos de dengue hemorrágica e de infecções entre crianças vêm crescendo nos últimos três anos. Somente a Bahia registrou 1.194 casos do tipo grave da doença este ano.

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“Desde que ressurgiu no Brasil, no início da década de 1980, até 2004, a dengue se caracterizava por atingir principalmente adultos jovens, com poucos casos hemorrágicos. Nos últimos três anos, no entanto, sobretudo pela maior circulação do sorotipo dengue 2, houve uma mudança do padrão epidemiológico, caracterizado pelo aumento de casos entre crianças e também das formas hemorrágicas da doença”, explica Coelho.

Segundo o coordenador, o sorotipo dengue 2 circulou no Brasil durante a primeira metade da década de 1990 e esteve associado aos primeiros casos de dengue hemorrágica.

“Essa situação reitera a necessidade das atividades de prevenção e controle. A população deve estar atenta. Governo e população têm que trabalhar para evitar a proliferação do mosquito. Além disso, quando a transmissão da doença ocorrer, temos que evitar mortes, algo perfeitamente possível na medida em que o serviço de saúde estiver organizado e estruturado, já que o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno é capaz de evitar mortes."

Para Coelho, como não é possível falar na erradicação do mosquito, o país tem que empenhar esforços na produção de uma vacina eficaz e segura contra a doença. “Isso, infelizmente, deve demorar entre dez e 12 anos”.

Desde o início do ano, diz o coordenador, o ministério já aplicou cerca de R$ 1 bilhão no combate à doença, por intermédio da transferência de recursos a estados e municípios. Somado à intensificação de ações intersetoriais, a expectativa do ministério é de que, em 2010, o número de registros continue caindo, com a proporcional redução dos casos graves.

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