Brasília - Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o Brasil tem mais de 8,5 milhões de artesãos. Desse total, 87% são mulheres que aprendem a tradição na família, com as mães e avós. O dia de hoje, 19 de março, é dedicado a esses artistas, que modificam a matéria-prima com técnicas como tecelagem, cerâmica, bordado, pintura, crochê e tricô, que são replicadas, misturadas e reinventadas.
Além da beleza e da originalidade das peças, o artesanato gera trabalho e renda às pessoas, além de melhorar a auto-estima e a saúde. A artesã Ângela Maria Monteiro afirma que a importância desse trabalho na sua vida tem três razões: a financeira, a auto-estima e a saúde.
“Antes eu era uma pessoa doente que tinha medo de sair na rua e eu estava sofrendo com a síndrome do pânico. Uma pessoa me convidou para fazer o curso eu fui lá fiz e hoje até para a Argentina eu já fui”, conta Ângela.
A artesã Maria da Conceição Pereira da Silva, cega desde o nascimento, diz que o artesanato mudou sua vida. “Ele mudou me dando mais oportunidade de conhecer as pessoas, de trabalhar com as pessoas ditas normais que enxergam e que não têm deficiência.”
A arte de criar com as mãos chegou também às universidades. É o caso de um programa desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia.
A professora Georgia Castro, mestre em desenho industrial da UnB, conta que alunos da instituição vêm trabalhando com grupos de artesãs, como parte de programas que visam ao design socioambiental e à inserção social.
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“ A gente busca a inserção desse indivíduo na comunidade de uma maneira diferente, de forma efetiva, com o seu trabalho”, destaca Georgia.
O artesanato também faz parte da vida da aposentada Júnia Adjuto de Melo, que tem curso superior e hoje faz do colares, bolsas e outros acessórios que produz um complemento da renda.
“Eu fui professora e me aposentei como professora. Mas toda a vida eu fiz pintura e quando me aposentei resolvi investir no artesanato por criatividade, por lazer e para complementar o salário de professor, que é tão pequeno”, conta Júnia.
Graças à qualidade, as peças produzidas por muitas artesãs já chegaram às passarelas de moda. Mas, para usar o artesanato no mundo fashion, é preciso cautela, segundo a estilista Juliana Murargin.
“É uma coisa fabulosa, foi uma pessoa que fez e não uma máquina, são as mãos que trabalham. Mas depende de como é usado, não se pode encher uma peça de artesanato e colocar na passarela”, pondera a estilista.
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