Eleições

Militantes trocam agressões e juiz impõe limite à campanha

Partidários de Castelo e Flávio Dino terão que manter distância de 500 metros.

Marco Aurélio D´Eça e Mario Carvalho/O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h28

SÃO LUÍS - Depois dos tumultos e agressões físicas registrados ontem na avenida Beira-Mar, entre militantes favoráveis aos candidatos João Castelo (PSDB) e Flávio Dino (PCdoB), o juiz auxiliar da propaganda eleitoral, Raimundo Neris Ferreira, determinou ontem que até domingo as manifestações das duas coligações terão que manter uma distância mínima de 500 metros uma da outra, para evitar novos confrontos. O desrespeito à determinação judicial – repassada aos órgãos de segurança e de trânsito – implicará em crime eleitoral.

O acirramento da campanha nas ruas de São Luís vem sendo registrado desde o início desta semana. Carros de som, trios elétricos e uma multidão de militantes dos dois candidatos tomaram as principais avenidas e rotatórias da capital em uma disputa ensurdecedora pelo voto. Essa movimentação, que já vinha causando transtornos ao trânsito e à população, resultou em agressão física no início da manhã de ontem, em frente ao comitê de campanha de Flávio Dino, na avenida Beira-Mar. A chegada de partidários de Castelo acirrou os ânimos. O comitê e pessoas foram apedrejados, e o tumulto assustou pedestres e motoristas que passavam pelo via, sem que houvesse qualquer intervenção policial.

Para evitar novo confronto, militantes da campanha de Flávio Dino suspenderam uma manifestação estudantil programada para ontem à tarde, na ponte José Sarney.

A decisão do juiz Raimundo Neris se deu por provocação da coligação “Unidade Popular (PT/PCdoB)”, que na Representação encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) acusou diretamente os membros da coligação de Castelo pelos conflitos ocorridos na área. “Militantes e simpatizantes do candidato (Flávio Dino) realizavam bandeiraço em frente ao comitê quando partidários da coligação adversária (João Castelo), de forma vil e tresloucada, passaram a atirar pedras em direção aos militantes”, diz o documento.

A coligação de Flávio Dino lembrou que, “dias antes, representantes de ambas as coligações haviam firmado entendimento de que, para evitar conflitos, nenhum militante ou simpatizante chegaria às proximidades do comitê da coligação adversária”.

Despacho

Em seu despacho, Raimundo Neris decidiu “proibir, como medida de cautela, a permanência e/ou circulação de militantes de coligações adversárias, durante atos de propaganda eleitoral, nas ruas e avenidas da capital a menos de 500 metros uma da outra, a partir desta data até o dia da eleição”.

O próprio juiz reconheceu a “situação de confronto hoje existente na cidade”, mas atribuiu a exacerbação dos ânimos à “paixão decorrente da simpatia por um ou outro candidato”. Para Raimundo Neris, “a propaganda eleitoral tomou rumo desagradável”. Ele frisou ainda que as críticas no horário eleitoral na TV, “até então aceitáveis, tornaram-se agressivas em demasia e contaminaram os correligionários e simpatizantes”. Para o juiz da propaganda eleitoral, “ambos adotaram este comportamento” e estão contribuindo para o clima de desordem. “Ao mesmo tempo que se dizem vítimas de agressões, também agridem seu adversário”, afirmou o juiz, em seu despacho.

Para tomar a decisão, Raimundo Neris argumentou: “Por isso mesmo, independentemente de quem seja agressor ou vítima, é chegado o momento de se preservar a integridade da população, na maioria das vezes utilizada como instrumento de manobra”. Para garantir o cumprimento da decisão, ele encaminhou cópia do seu despacho à Secretaria de Segurança e à Polícia Militar.

Em contato telefônico com O Estado, João Castelo declarou, no fim da tarde de ontem, não concordar com os atos de violência praticados na campanha. “Não sou a favor de atos de violência. Eleição tem que ser festa, não violência”, disse o tucano, sem entrar no mérito de quem provocou a confusão na Beira-Mar.

Em caminhada na Cidade Operária, Flávio Dino criticou a atitude agressiva da militância tucana. Segundo ele, da parte da coligação “Unidade Popular” só se vê torcida. “Da nossa perspectiva há uma tentativa de crescimento, enquanto da parte deles (castelistas) há o objetivo de impedir nossa campanha de rua. Eles estão adotando a estratégia de intimidação, de violência e o auge desse processo foram os atos de vandalismos contra nosso comitê central, na avenida Beira-Mar. Precisamos é ampliar o debate dos problemas, das propostas para São Luís. Renovo aqui o convite que fiz a Castelo, que pelo menos agora, na reta, ele oriente sua campanha no sentido de respeitar o povo de nossa cidade”, enfatizou.

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