SALVADOR - Uma operação da PolĂcia Federal que mobilizou cerca de 200 agentes prendeu hoje em Salvador 16 suspeitos de participar de uma organização criminosa especializada em fraudar contratos e licitaçÔes de secretarias e outros ĂłrgĂŁos pĂșblicos, entre eles o presidente do TCE (Tribunal de Contas do Estado) baiano, Antonio Honorato.
Também foram presos o ex-deputado estadual e ex-presidente do Bahia, Marcelo Guimarães, e a procuradora-geral da UFBa (Universidade Federal da Bahia), Ana Guiomar.
De acordo com a PF, as investigaçÔes da Operação Jaleco Branco, que começaram em 2005, apontam para formação de cartel, superfaturamento de preços e utilização de empresas de fechada. O prejuĂzo causado aos cofres pĂșblicos Ă© de cerca de R$ 625 milhĂ”es, segundo informaçÔes da PF --trĂȘs delegados que participaram da operação nĂŁo quiseram revelar os seus nomes.
A maior parte dos detidos trabalha no setor de prestação de serviços. A PF informou que o esquema era composto por empresårios do ramo de prestação de serviços, principalmente de conservação, limpeza e segurança, e atuava na Bahia em licitaçÔes federais, estaduais e municipais.
Os supostos crimes praticados pelos suspeitos contariam com a participação de servidores pĂșblicos de diversos ĂłrgĂŁos. Durante a ação, iniciada Ă s 6h, os agentes tambĂ©m apreenderam 18 carros, computadores, documentos e dinheiro (a quantia nĂŁo foi revelada).
Para a PF, os acusados organizaram uma espĂ©cie de "consĂłrcio" para fraudar as licitaçÔes --eles combinavam os preços e dividiam os clientes. Com isso, cada empresa conseguia manter a sua fatia de mercado. Quando encontravam dificuldades para receber os pagamentos, os empresĂĄrios, segundo a PF, recorriam Ă influĂȘncia do presidente do TCE, Antonio Honorato.
Agentes que participaram da operação informaram que Honorato, ex-presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, foi flagrado em grampos telefÎnicos conversando com alguns empresårios presos. Nos diålogos, o presidente do TCE teria prometido "ajudar" o grupo a receber mais rapidamente alguns pagamentos de órgãos do Estado.
A PF informou ainda que tambĂ©m foram presos servidores do INSS e da Receita Federal, que emitiam certidĂ”es negativas indevidas Ă s empresas que participavam das licitaçÔes. Os primeiros detidos chegaram ao prĂ©dio da PF por volta das 10h --apĂłs os depoimentos, os suspeitos ficaram em uma sala isolada, Ă espera do vĂŽo que os levaria a BrasĂlia.
Segundo a PF, Ana Guiomar foi presa porque a UFBa, desde 1998, não realiza licitação para contratar empresas de segurança. Marcelo Guimarães foi detido porque teria se envolvido com fraudes em licitaçÔes --ele seria dono de uma empresa de segurança.
Outros dois empresĂĄrios que tiveram suas prisĂ”es decretadas pela ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Eliana Calmon nĂŁo tinham sido localizados pela PF em suas residĂȘncias e escritĂłrios atĂ© as 20h de hoje.
Outro lado
A assessoria de imprensa do TCE (Tribunal de Contas do Estado) da Bahia informou que o órgão funcionou normalmente hoje, apesar da prisão do seu presidente, Antonio Honorato. De acordo com a assessoria, o TCE também não iria se pronunciar sobre a ação da PF porque "não foi informado oficialmente sobre a detenção".
Primo do presidente do TCE, o advogado Celso Castro disse que a inocĂȘncia de Antonio Honorato ficarĂĄ provada durante o processo.
Fernando Santana, advogado de Honorato, afirmou que o presidente do TCE é "absolutamente inocente". "Ele jå colocou à disposição da Justiça os seus sigilos fiscal, bancårio e telefÎnico."
O vice-reitor da UFBa (Universidade Federal da Bahia), Francisco Mesquita, disse que a prisão da procuradora-geral Ana Guiomar foi uma "surpresa" a instituição. "Trabalhamos juntos hå muito tempo e ela sempre demonstrou ser uma pessoa correta e consciente de suas obrigaçÔes. Foi uma surpresa muito grande para todos nós", disse. A reportagem não conseguiu falar com um advogado dela.
O advogado do ex-deputado Marcelo Guimarães, Fabiano Pimentel, disse que seu cliente é inocente e que o processo da PF estå apenas no começo. "Não podemos fazer qualquer pré-julgamento."
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