Eleição

Compra de votos em Imperatriz é alvo de inquérito da Polícia Federal

Esquema em favor de Jackson Lago foi flagrado por policiais no pleito de 2006

Jornal O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 13h56

SÃO LUÍS - Um dos esquemas de compra de votos para o então candidato Jackson Lago (PDT) nas eleições de 2006 foi flagrado pela Polícia Militar de Imperatriz no dia do primeiro turno. O operador era o presidente da Câmara de João Lisboa, João Menezes Santana Filho, que para tanto dispunha de R$ 66 mil sacados de uma conta bancária da Prefeitura de Porto Franco. O caso foi apurado sob segredo de Justiça pela Polícia Federal e aguarda julgamento do juiz da 33ª zona eleitoral imperatrizense. O Estado teve acesso a uma cópia do inquérito.

Luís Carlos de Jesus Ribeiro, Ronaldo Lima Rodrigues e Antonio Adeilson Leite da Silva - o primeiro cabo e os outros dois soldados da Polícia Militar (PM) de Imperatriz - faziam ronda quando foram informados pelo rádio da PM que na rua Nova, no bairro Caema, dois homens compravam votos a céu aberto. Quando a polícia chegou, perto do carro usado pelos denunciados só estava o motorista Pedro Alves de Sousa.

No carro, debaixo do banco do passageiro, estava uma caixa que escondia R$ 17 mil em notas de R$ 10,00, R$ 20,00 e R$ 50,00; “santinhos” de Jackson Lago e de candidatos diversos a deputados federal e estadual; uma espécie de tabela de preços manuscrita que indicava o valor do voto por localidade da região; e um disquete que, periciado mais tarde, mostrava uma lista de eleitores do bairro Caema, com endereço, número do título, zona e seção de votação.

Sob voz de prisão, Pedro Alves explicou que não sabia de nada. Estava ali só tomando conta do carro do patrão: era o presidente da Câmara de João Lisboa, João Menezes, que saíra da sua companhia minutos antes para ir à residência do camelô Zenilton Bento dos Santos, perto dali. Na casa do vendedor ambulante, os policiais não o encontraram e nem o vereador estava lá, mas eles viram por todos os cantos pilhas de material de propaganda de Jackson Lago e parceiros da “Frente de Libertação”.

João Menezes escapou do flagrante e Pedro Alves foi levado preso para a Polícia Federal. O vereador só esteve na PF dia 4 de outubro, três dias depois da eleição e do desmanche do seu esquema de compra de votos. Quando depôs, dentre outras contradições frente ao que dissera o seu motorista, assegurou nunca nem ter ouvido falar em Zenilton Bento. Coincidência ou não o poderoso vereador e o humilde camelô são defendidos pelo mesmo escritório de advocacia: uma banca tradicional, de estreitos laços familiares com o prefeito de Porto Franco, outra cidade de comando pedetista que não tardou a entrar no escândalo sobre o qual se debruçou a PF.


Triângulo do PDT

João Menezes, além de presidente da Câmara de João Lisboa, é também irmão do prefeito daquela cidade, Emiliano Menezes. Os dois são do PDT, mas foi de uma outra prefeitura, distante 100 quilômetros de Imperatriz e 113 de João Lisboa, que saíram os recursos dos quais foram encontrados R$ 17 mil sob o banco do carro. O dinheiro fora sacado três ou quatro dias antes, em uma agência do Banco do Brasil de Porto Franco da conta da prefeitura. O prefeito de Porto Franco é Deoclides Macedo (PDT).

Na PF, o vereador disse ao juiz eleitoral de Imperatriz que recebera R$ 66 mil da Prefeitura de Porto Franco por conta da primeira medição de uma ponte sobre o riacho Sucupira, iniciada há três ou quatro dias, no povoado Coité. Gastara R$ 49 mil com a construção e os R$ 17 mil ficaram guardados em casa. Só que naquele 1º de outubro Menezes achou mais prudente sair por aí com o dinheiro debaixo do banco do carro. “Em dia de eleição anda muita gente lá em casa”, explicou.

A obra da ponte era da empresa Engtec, da qual Menezes seria o responsável técnico com procuração para cuidar das finanças da empreiteira. Além da ponte em Porto Franco, a Engtec vinha fazendo a reforma da lavanderia do Hospital Materno Infantil de Imperatriz, que só de uma medição também recente dera R$ 40 mil para a movimentação do vereador.

Legalmente, a Engtec pertence a Daniel da Silva Sampaio, mas quando a PF foi à casa dele, um casebre na periferia imperatrizense, sua mulher, Dilcélia Jesus Sampaio, ficou assustada: ela nunca soube que o marido era dono de construtora. A PF concluiu que ele é só “laranja” e que a Engtec pertence a João Menezes. Há pelo menos quatro pessoas abordadas por Menezes que afirmam ter recebido de R$ 100,00 a R$ 150,00 pelo voto em Jackson.


O preço do voto


>> Um documento apreendido com o dinheiro e os “santinhos” é um misto de tabela de preços e de roteiro a ser cumprido por João Menezes no dia da eleição. O esquema premiava os sub-esquemas com valores que iam de R$ 30,00 a R$ 20,00 por voto “conquistado”


São Pedro da água Branca Vila Nova dos Martírios

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(a 150 km de Imperatriz) (a 110 km de Imperatriz)

Delegado R$ 35,00 Boca-de-Urna De R$ 30,00 a R$ 50,00

Fiscal R$ 25,00 Por voto R$ 20,00

Boca-de-Urna De R$ 30,00 a R$ 50,00

Por voto R$ 20,00

Açaizal Cidelândia

(povoado de Imperatriz) (a 70 km de Imperatriz)

Boca-de-Urna R$ 30,00 Boca-de-Urna R$ 50,00

Por voto R$ 20,00 Por voto R$ 30,00


Centro Novo Lagoa Verde

(povoado de Imperatriz) (povoado de Imperatriz)

Boca-de-Urna R$ 30,00 Boca-de-Urna R$ 30,00

Por voto R$ 20,00 Por voto R$ 20,00

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