Falecimento

Morre o senador Antonio Carlos Magalhães

G1 e Winkpédia

Atualizada em 27/03/2022 às 13h58

SÃO PAULO - Uma das principais lideranças da política nacional, o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) morreu nesta sexta (20), aos 79 anos, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), em São Paulo.

A saúde do político baiano, diabético e com problemas renais e cardíacos, agravou-se em 2007. Debilitado, ACM foi hospitalizado quatro vezes neste ano. Em março, foi internado no Incor com quadro de pneumonia e disfunção renal. Depois, voltou a ser hospitalizado em 17 de abril, 29 de maio e 14 de junho.

Os problemas cardíacos do senador baiano vinham de longa data. Em 1989, ele sofreu um infarto e colocou quatro pontes, duas safenas e duas mamárias. No início da década de 90, também passou por cirurgia para retirada de três cálculos renais.

Formado em medicina, ACM era casado com Arlete Maron de Magalhães, com quem teve quatro filhos: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior, Teresa Helena Magalhães Mata Pires, Luís Eduardo Magalhães e Ana Lúcia Maron de Magalhães.

Amado e odiado, ACM sempre esteve próximo do poder federal. Foi aliado do regime militar pós-1964 e do tucano de Fernando Henrique Cardoso e apoiou Lula na eleição de 2002.

Senador ACM com ACM Neto nas eleições de 2006. Foto: Dida Sampaio/Agência EstadoO senador começou a carreira política em 1954, quando se elegeu deputado estadual na Bahia pela antiga UDN (União Democrática Nacional). Também foi três vezes deputado federal, três vezes governador da Bahia, prefeito de Salvador, além ter sido eleito senador em 1994 e 2002.

Após a morte do filho Luís Eduardo Magalhães em abril de 1998, Antonio Carlos Magalhães Neto se tornou o principal herdeiro político de ACM. Um dos mais jovens parlamentares do Congresso Nacional, ACM Neto, 28 anos, está em seu segundo mandato na Câmara.

Biografia

Antônio Carlos Peixoto de Magalhães, (Salvador, 4 de setembro de 1927 - São Paulo, 20 de julho de 2007), era um médico (embora nunca tenha exercido a medicina) e político brasileiro com base eleitoral na Bahia, estado que governou por três períodos (duas vezes foi nomeado pela ditadura militar brasileira), além de ter sido eleito senador em 1994 e em 2002. É conhecido também por ACM. Seu último partido político foi os Democratas (antigo Partido da Frente Liberal - PFL).

História

ACM foi um político baiano que esteve em evidência no cenário político do estado da Bahia nas últimas décadas. Membro da UDN foi eleito deputado estadual em 1954 e deputado federal em 1958 e 1962. Participou do regime militar, tendo sido um dos articuladores da Revolução de 1964. Em 1966 foi reeleito deputado federal, agora pela ARENA. Em 1967, foi nomeado prefeito de Salvador. Foi governador da Bahia três vezes, ministro das Telecomunicações no governo Sarney e é senador desde 1995. Tido como um político influente no Brasil, teve também seu nome envolvido em várias denúncias de ilegalidades, como a fraude no painel de votação do Senado e os grampos telefônicos ilegais na Bahia. Quando se vê envolvido em tais situações gosta de justificar que agiu em favor do povo baiano. É conhecido por "Toninho Malvadeza", por conta de suas constantes ações repressoras contra a oposição durante o regime ditatorial.

Foi protagonista, em meados de abril de 2000, de uma série de trocas de ofensas com um colega de Senado, fazendo sérias acusações contra a pessoa do Presidente do Senado à época, o Senador Jader Barbalho do PMDB do Pará. Tal rixa culminou com a renúncia de ambos dos mandados de Senador, já que as recíprocas acusações foram devidamente comprovadas. No caso de ACM, foi justamente a denúncia de manipulação por este do painel eletrônico que contabiliza as votações do Senado Federal, o que lhe permitiu quebrar o sigilo dos votos dos demais Senadores, violando o Regimento Interno do Senado Federal, que assegura o voto secreto de seus membros em determinadas matérias.

Redução da influência política

Após as denúncias de quebra de decoro parlamentar no caso da violação do painel do senado, apoiou a vitoriosa companha de seu, até então, companheiro de partido Antônio Imbassahy, em 2000, para prefeito da capital baiana, e, em 2002, Paulo Souto para governador do estado, além de voltar ao senado. Porém em 2004, o candidato que recebeu seu apoio a candidatura para prefeito de Salvador, o ex-governador e senador César Borges, foi derrotado pela oposição, que elegeu João Henrique Carneiro como prefeito. No final de 2005 Antônio Imbassahy, de forma inesperada, desligou-se do PFL, filiando-se ao PSDB. Já em 2006, seu grupo político capitalizou, graças ao progresso do lulismo no Nordeste, mais dois prejuízos: a não reeleição do governador Paulo Souto, tendo sido eleito logo no primeiro turno o candidato Jaques Wagner (PT), e a não reeleição de Rodolfo Tourinho para o Senado, tendo ficado com a vaga o ex-governador da do estado João Durval Carneiro (PDT).

Empreendimentos da Família

Seu filho, Antônio Carlos Magalhães Junior, é presidente da Rede Bahia, que engloba diversas empresas do estado, principalmente de comunicação. São elas:

88.7 Bahia FM

102,1 FM Sul (Rádio FM em Itabuna)

Correio da Bahia (Jornal)

Globo FM (Rádio FM em Salvador)

Gráfica Santa Helena

iContent (Produtora)

iBahia.com (Portal de Internet)

Construtora Santa Helena

TV Bahia (afiliada da Rede Globo em Salvador e região)

TV São Francisco (afiliada da Rede Globo em Juazeiro e região)

TV Oeste (afiliada da Rede Globo em Barreiras e região)

TV Santa Cruz (afiliada da Rede Globo em Itabuna e região)

TV Subaé (afiliada da Rede Globo em Feira de Santana e região)

TV Sudoeste (afiliada da Rede Globo em Vitória da Conquista e região)

TV Salvador (canal fechado, transmitido em UHF ou por assinatura)

Governos da Bahia

Exerceu ACM três mandatos como governador da Bahia.

Primeiro governo

Eleito por via indireta - em plena Ditadura Militar - pelos deputados estaduais, ACM representava a ARENA (partido do Regime) e vinha de uma administração da Prefeitura da Capital onde arregimentara poderes que o capacitaram a receber o apoio total do sistema.

Tomou posse a 15 de março de 1971, e o carlismo - então uma força restrita à capital - ganha todo o Estado. Já em seu discurso de posse, ACM não nega sua ambição:

São palavras evangélicas: aquele a quem muito se entregou, muito mais se exigirá. Sei que recebo muito, diria mesmo que recebo tudo, e estou consciente de que os baianos poderão exigir de mim trabalho, seriedade no trabalho da administração, uma vida permanentemente voltada para o bem comum.

Vivia o Brasil o auge do Milagre econômico. ACM soube aproveitar: a Bahia entrou em um processo acelerado de industrialização, com a instalação, em Camaçari, de indústrias no Pólo Petroquímico. Na Capital, Salvador, governada por um fiel aliado (Clériston Andrade), ACM realiza obras de grande impacto, abrindo as chamadas "avenidas de vale", modernizando o tráfego da cidade e driblando sua topografia acidentada da parte velha. Também no turismo Salvador deu um importante salto: de 400 apartamentos em 1970, passou para 2400 ao fim de sua administração.

Ao largo das realizações da sua administração, crescia também a sua importância política no estado: faz o sucessor, Roberto Santos, além de manter sob sua égide o prefeito da capital. O carlismo consolida-se como a maior força política do Estado, e que cruzaria todo o final do século XX adentrando o XXI.

Segundo governo

Tomou posse a 15 de março de 1979, sucedendo a Roberto Santos - numa continuidade clara da primeira administração.

ACM, gozando de grande popularidade, mantinha sob sua égide a maioria ampla dos mais de trezentos prefeitos do Estado, e a quase totalidade das bancadas de deputados federais e estaduais - o que lhe credenciam a, pela primeira vez, intervir com voz ativa em assuntos federais, estando no poder o presidente General Figueiredo.

Em seu discurso de posse atesta esse domínio:

Desde 1970, tive a honra de conduzir e liderar as insofismáveis vitórias da Arena em nosso Estado, de tal forma que nem o mais impenitente adversário pôde levantar dúvidas quanto ao merecimento e à lisura do nosso trabalho. E foram essas vitórias que situaram, tão bem, a Bahia no cenário nacional.

Também o prefeito da capital é homem de sua confiança: Mário Kertész - que já lhe servira como secretário, no governo anterior.

Estende seu poder também ao Poder Judiciário, ao nomear seu Chefe da Casa Civil, o advogado Paulo Furtado, para o cargo de Desembargador - sem que este jamais houvesse exercido a magistratura: na Bahia. Este mandato também fora conquistado de forma indireta.

Terceiro governo

Com a renúncia do governador Waldir Pires em 14 de maio de 1989, ACM chama novamente a si a tarefa de disputar o cargo máximo do Estado. Pela primeira vez disputando um pleito direto, já dono de vasta rede de telecomunicações, tem como seu adversário o ex-afilhado Roberto Santos. A oposição é derrotada e ACM reconquista o poder ainda no primeiro turno.

O carlismo assenta-se, de forma quase definitiva, na Bahia, referendado desta vez pela legitimidade das eleições. Aprendida a lição, ACM não volta a perder mais o governo do Estado, nele colocando seus aliados, por sucessivos mandatos. Dirige-se então, cada vez mais, suas atenções para o Planalto, paulatinamente promovendo a imagem de seu filho Luís Eduardo Magalhães, que prepara para ser-lhe não um sucessor, mas um futuro presidente da República.

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