BRASÍLIA - O que a maioria das pessoas imagina, quando se fala em crianças superdotadas, são aqueles geniozinhos típicos de filmes norte-americanos da sessão da tarde, que tiram notas fantásticas e constroem computadores para as feiras de ciências. A realidade, porém, pode ser bem diferente: os superdotados são pessoas comuns, que também tiram notas baixas e muitas vezes nem conhecem seu potencial.
Pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de Brasília (UnB) com pré-adolescentes e adolescentes de baixa renda no Distrito Federal revela que o rendimento escolar de superdotados é similar ao dos outros alunos. O trabalho mostrou, inclusive, que esse desempenho pode ser ruim, pois 42% dos superdotados que participaram dos estudos já reprovaram ou estão defasados em relação ao ano letivo. No caso dos outros alunos, esse número chega a 50%.
A psicóloga Jane Farias Chagas, autora da pesquisa, atribui esse dado a fatores como dificuldades socioeconômicas, tédio do estudante, má organização do currículo escolar e preparação dos professores. "O superdotado de baixa renda encontra dificuldades muito maiores e têm realidades diferentes daquelas vividas pelos mais abastados, o que reflete diretamente em seu rendimento escolar", afirma Jane. Muitos têm de trabalhar e estudar, dependem de várias conduções diariamente e não encontram na escola pública um ambiente rico em recursos sócio-culturais que respondam às suas expectativas. "Eles acabam não tendo condições de explorar seu potencial e ficam frustrados", reforça a pesquisadora.
Justamente por causa do desempenho acadêmico insatisfatório, muitos superdotados passam despercebidos. "É necessário um olhar mais apurado para perceber o potencial dessas crianças e dar um acompanhamento correto", explica Jane. Dos 67 alunos matriculados na turma especial para superdotados em que Jane foi professora, apenas 14 eram menos favorecidos. "Mais retraídos e com baixa auto-estima, esses talentos podem ser perdidos se pais e professores despreparados não entenderem que notas baixas não significam falta de capacidade", alerta a psicóloga. Já existe um programa do IP voltado a dar orientações a pais de crianças superdotadas (leia abaixo). Porém, falta informação, tanto a pais quanto a educadores, para detectar os meninos talentosos.
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