Sarney: 'A maior dívida brasileira é com a raça negra'

Para o ex-presidente da República, a escravidão é 'uma mancha na História do país'.

Agência Senado

Atualizada em 27/03/2022 às 14h23

BRASÍLIA - Em discurso na sessão especial em comemoração à passagem dos 118 anos da abolição da escravatura, nesta sexta-feira (12), o senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou que, a seu ver, a maior dívida brasileira é com a raça negra.

Para o parlamentar, a escravidão é "uma mancha na História do país", principalmente pelo fato de o país tê-la mantido até ao final do século XIX, época em que quase todos os países do mundo já haviam abolido a prática.

- Esta é uma sessão para rememorar a extinção da escravatura, melhor seria se pudéssemos sequer nos lembrarmos de que ela existiu. Não há mancha maior em nossa História do que a escravidão. Não há como apagá-la, ela pesa sobre todos e é um chamamento permanente para que cada um de nós possa trabalhar pela ascensão da raça negra no Brasil - disse o senador, autor, em 1999, do primeiro projeto de lei que destinou cotas para afrodescendentes em vestibulares e concursos públicos.

O parlamentar cobrou de seus pares atitudes concretas para a promoção da ascensão da raça negra, ressaltando que a causa não merece apenas discursos. Ele lembrou que, à época de seu mandato de presidente da República, pôde criar a Fundação Cultural Palmares - entidade pública vinculada ao Ministério da Cultura, destinada a promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.

- Veio da África a maior parcela do que constitui a identidade do povo brasileiro: a cultura da alegria, do carnaval, do futebol, do botequim, da convivência, da paz - disse.

Sarney lembrou ainda diversos nomes que marcaram a história na luta do abolicionismo, destacando a trajetória de Joaquim Nabuco. Nobre de nascença, conviveu, segundo o senador, com negros no engenho Massangana, o que o sensibilizou a lutar pelo fim da escravidão. Político e advogado, Nabuco é considerado o mentor intelectual do abolicionismo.

Escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, Sarney citou ainda duas heroínas negras da literatura brasileira: Teresa Batista Cansada de Guerra, de Jorge Amado, e Saraminda, personagem de romance de sua autoria que ressalta a beleza da mulher negra.

Sinto-me ligado à causa como político, escritor e cidadão - disse.

Foto: José Cruz

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