Recuperação de Lula em pesquisas mostra força do povo, diz Gil

Atualizada em 27/03/2022 às 14h27

SALVADOR - O ministro da Cultura, Gilberto Gil, rebateu as criticas de Carlinhos Brown de que o governo não age para acabar com o apartheid no país. Para ele, a recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião revela que a agenda dos menos favorecidos está ganhando espaço na sociedade brasileira.

"A recuperação rápida do presidente Lula, depois de toda a fragilização que ele sofreu nos últimos meses.... vem desse fenômeno que as classes médias brasileiras e as elites brasileiras sentem cada vez mais levadas a considerar a agenda popular, a se associaram ao povo brasileiro", disse Gil a jornalistas na madrugada deste domingo, em Salvador.

Gil disse que o fato de a imagem de Lula estar estampada na fantasia do bloco afro Ilê Aiê, ao lado de personalidades negras de destaque, comprova a mudança da agenda.

Poucas horas antes, o ministro tinha sido criticado por Carlinhos Brown pelo descaso do governo com a educação da população pobre e negra da Bahia. "Vocês, autoridades, têm que ver e resolver isso aqui, viu ministro", disse Brown, referindo-se às enormes rodas de briga que se abriam no meio da multidão no início da passagem de seu trio -- chamado Camarote Andante -- pelo circuito da Barra.

"Vocês, viu Gil, têm que ajudar a gente a não ser assim. Tem que acabar com esse apartheid escroto", disse Brown, fazendo menção também aos camarotes, onde estava Gil, no qual as pessoas pagam para ter um lugar privilegiado da festa.

Para Gil, o apartheid racial, cultural e social não é exclusividade baiana e tampouco brasileira.

"Todas as vezes que a desigualdade provoca injustiças e desequilíbrios sociais muito grandes, estamos falando de apartheid, no Brasil, na África, na América do Sul toda, em partes da Ásia e mesmo na Europa", disse.

"O Carnaval é o momento em que essas questões são suspensas, porque é o negro quem faz o Carnaval e tem esse poder e está autorizado a exercitar historicamente esse pode. Nesse momento ele faz a agenda."

Gil disse que o poder cultural do negro na Bahia é tão forte que tem até atenuado a necessidade dos negros de exercerem a liderança em outras esferas. Segundo ele, isso explica até o fato de o Estado de maioria afro-descendente não ter eleito ainda um governador negro.

"A força cultural do negro aqui é muito grande, de uma certa forma isso atenua a necessidade, ou tem atenuado ao longo da história, a necessidade de força política, de poder político", disse.

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