BRASÍLIA - Integrantes da CPI dos Correios receberam nesta quarta-feira uma cópia da fita que contém a primeira gravação feita na sede da estatal com o ex-chefe do departamento de contratações Maurício Marinho. Um DVD com a gravação foi entregue pelo advogado de Marinho, Sebastião Coelho, ao deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que faz parte da CPI. A fita tornou pública a existência de um outro personagem que participaria do esquema que, segundo Marinho, servia ao PTB.
Apresentado ao advogado Joel Santos Filho, que se passava por um empresário interessado em licitações nos Correios, como Eduardo. O outro funcionário, segundo diz Marinho na fita, era o responsável por cuidar das específicações das licitações na área de informática.
- Quanto a parte técnica, vamos receber uma especificação da área de tecnologia que vai ser analisada pelo Eduardo e ele vai poder conversar com a sua equipe técnica - diz Marinho à Joel, na fita, pouco antes de trazer Eduardo para a sala.
Segundo informou Coelho ao deputado Sampaio, o sobrenome de Eduardo seria Coutinho. Na fita, Marinho trata dos eventuais acertos que faria para que a empresa de Joel - que se identificou como Goldman - participasse de licitações nos Correios na frente de Eduardo, que assiste a conversa fazendo pequenas intervenções. Para o deputado tucano, a gravação desmonta a versão de Joel, apresentada em seu depoimento na terça-feira na CPI, de que não tratou de negócios ligados à área de informática na primeira conversa que teve com Marinho.
O deputado também não acredita na versão do empresário Arthur Waschek, amigo de Joel que lhe pediu para gravar as conversas com Marinho, de que ele estava apenas interessado em desmontar um esquema de corrupção nos Correios. Para ele, Waschek agiu movido por interesses políticos ou comerciais. Na fita, Marinho diz ainda que, com a possibilidade do PP indicar um novo ministro das Comunicações do governo Lula, que a presidência e três diretorias dos Correios deveriam mudar. Ele afirma, entretanto, que provável novo diretor de Tecnologia - o anterior, Eduardo Medeiros, teria sido indicado pelo PT - seria do PTB.
- Essa idéia de que a denúncia tinha como fundo denunciar um esquema de propina e corrupção nos Correios não é verdade. Havia, sim, um interesse comercial do senhor Arthur. Joel mentiu porque lhe perguntei sobre isso (se ele havia tratado detemas ligados ao setor de informática) - afirmou Sampaio, que pretendia entregar a fita ao relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), junto com um requerimento para que Joel fosse convocado novamente.
Na fita, Joel pergunta por negócios no setor de informática e sobre os contatos políticos de Marinho. A gravação mostra que desde a primeira vez o funcionário dos Correios já dizia atuar para um esquema do PTB do qual faziam parte ele, o ex-diretor de Administração Antônio Osório e o ex-assessor da diretoria Fernando Godoy.
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