Santo Sudário pode ter até 3 mil anos, diz estudo

BBC Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 14h52

ESTADO DO MÉXICO - O Santo Sudário é muito mais antigo do que havia sido sugerido por testes com carbono-14 realizados em 1988, de acordo com um novo estudo. A pesquisa, publicada na revista especializada Termochimica Acta, sugere que o manto tem entre 1,3 mil e 3 mil anos, o que tornaria a teoria de que ele foi usado por Cristo verossímil.

O autor do estudo rejeita os testes anteriores, que estabeleceram a idade através da quantidade de partículas de carbono-14 encontradas em um material retirado do manto. Eles tinham concluído que o manto de linho era uma falsificação medieval.

Vários cristãos acreditam que o manto, que traz uma imagem apagada de um homem coberto de sangue, teria sido usado para envolver o corpo de Jesus Cristo depois de morto.

Raymond Rogers, que coordenou o novo estudo, disse que testes químicos indicam que a amostra usada na análise de 1988 foi retirada de um pedaço de remendo medieval usado no manto para reparar uma parte que havia sido queimada.

Por isso é que foi estabelecida uma data incorreta para o manto original, segundo o pesquisador, que é um químico aposentado do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Estado americano do Novo México.

Parte queimada

O manto de linho foi danificado em vários incêndios desde que sua existência foi registrada na França, em 1357, inclusive por um ocorrido em uma igreja em 1532.

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Ele foi restaurado por freiras que cobriram buracos e forraram o manto com um material reforçado. Em seu estudo, Rogers analisou e comparou amostras utilizadas nos testes da década de 80 e outras amostras do famoso manto.

Testes microquímicos, que empregam quantidades mínimas de materiais, demostraram que o manto deve ser mais antigo do que se acreditava antes. Esses testes revelaram a presença de um produto químico chamado vanilina na amostra de carbono-14 e no tecido do forro, mas não do resto do manto.

Esse composto é produzido pela decomposição da lignina, encontrada em plantas.

A presença de vanilina em materiais como o linho diminui com o tempo, oferecendo um método para estabelecer a idade do manto. "O fato de que a vanilina não pode ser detectada na lignina das fibras do manto, pergaminhos do Mar Morto e outros pedaços de linho muito antigos indica que o manto é muito velho", escreveu Rogers.

No estudo de 1988, cientistas de três universidades concluiram que o tecido datava do período entre 1260 e 1390. Isso descartava a possibilidade de que o tecido tivesse envolvido o corpo de Cristo depois de sua morte. Esse anúncio levou o Cardeal de Turim, Anastasio Alberto Ballestrero, a admitir que o manto era falso.

Desde então, foram feitas várias tentativas para contestar esses testes. Pesquisadores utilizaram fotografias de alta resolução e disseram ter encontrado indícios de um cerzido "invisível" na área usada para testes.

"A amostra testada foi tingida usando tecnologia que começou a aparecer na Itália na época em que o último bastião dos cruzados passou ao domínio dos turcos, em 1291", disse Rogers. "A amostra de carbono-14 não pode ser anterior a 1290, concordando com a idade determinada em 1988. Mas o manto propriamente dito é muito mais antigo."

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