BRASÍLIA - De olho na expansão do número de governadores a partir de 2006, o PT quer sair da eleição deste ano com sua bandeira enraizada nos pequenos e médios municípios e consolidado nas cidades com mais de 200 mil eleitores.
A expectativa da cúpula petista é vencer em pelo menos 400 cidades, algo próximo do dobro das atuais 204 prefeituras petistas. Num quadro classificado como ótimo pelo partido, existe a expectativa de triplicar o número.
Essa aposta está em linha com projeções de analistas políticos, que acham possível um crescimento para 500 a 600 cidades.
Neste cenário, o PT enfatiza a importância de crescer nos grandes centros urbanos. Relatório produzido pelo Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) em 27 de setembro, menos de uma semana antes da votação de domingo, mostra que o PT tem candidatos competitivos em 46 de um total de 96 cidades com número superior a 200 mil habitantes.
"Não dá para falar de vitoriosos e perdedores. É fundamental manter os grandes centros. Sairemos das eleições não com uma goleada, mas recolhendo o que estava previsto, será uma vitória modesta", afirmou à Reuters o secretário-geral do PT e coordenador do GTE, Sílvio Pereira.
É essa expansão da "onda vermelha" para o interior, associada à consolidação da influência sobre os grandes centros, que os petistas vêem como o cimento necessário para solidificar as campanhas aos governos estaduais. Atualmente, o PT tem apenas o comando do Mato Grosso do Sul, do Piauí e do Acre.
"Estou pensando em ter uma capilaridade em 2006. Em 2000, o PT estava ausente nas pequenas cidades e elas têm um peso importante, um terço do eleitorado é de cidades com até 20 mil eleitores", disse Pereira.
O JOGO DAS CAPITAIS
As eleições envolvem não somente o crescimento do número de governadores do partido, mas sobretudo a reacomodação de forças da segunda metade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E ela passa pela reorganização da base aliada no Congresso, principalmente no Senado, e por uma reforma ministerial.
Na esfera federal, a prioridade segue sendo a manutenção do poder do PT nas capitais. "O objetivo é consolidar o projeto de fazer a mudança no país, por isso o poder das capitais é importante, porque eu acho que a força do governo cresce", afirmou o presidente do PT, José Genoíno.
Por isso, o otimismo da campanha petista vai além das pesquisas eleitorais. De acordo com as projeções do secretário-geral, o PT conquista no domingo as prefeituras de Belo Horizonte, Palmas, Aracajú, Recife e Rio Branco, com boas chances em Macapá, e disputa o segundo turno em Porto Alegre, Goiânia, Cuiabá, Curitiba, São Paulo, Aracaju, Recife, Salvador, Belém, Porto Velho, Vitória e Florianópolis.
Esse, no entanto, não é o cenário mostrado pelos últimos levantamentos de opinião. O PT tem chance de disputar a segunda rodada em seis capitais: Curitiba, Porto Velho, Vitória, Porto Alegre, São Paulo e Belém. Nesta última, há possibilidade de o candidato do PTB, senador Duciomar Costa, vencer a senadora petista Ana Júlia Carepa já no domingo.
As mais recentes enquetes de institutos de pesquisa mostram ainda que em Florianópolis, Salvador e Goiânia os petistas Afrânio Boppré, Nelson Pellegrino e o prefeito Pedro Wilson, respectivamente, estão empatados com outros candidatos na disputa pelo segundo lugar.
Entre as 204 cidades que governa --há quatro anos elegeu 187 prefeitos--, o PT comanda as capitais São Paulo, Porto Alegre, Recife, Goiânia, Aracajú, Macapá, Belo Horizonte e Belém, um universo de 32.215.745 milhões de habitantes, segundo dados do IBGE de 2003.
O secretário-geral não quis fazer uma projeção sobre o tamanho do crescimento em termos de população comandada por suas políticas.
"A nossa expectativa é que teremos cerca de 15 milhões de votos, superando os 12 milhões que tivemos em 2000", afirmou.
Na última eleição municipal, o PT teve um total de 11.938.803 milhões de votos atrás de PSDB (13.507.709), PMDB (13.258.521) e PFL (12.970.444), de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral.
SÃO PAULO, PEÇA-CHAVE
O jogo político, tanto para Lula quanto para o próprio PT, passa prioritariamente pela manutenção de São Paulo com a prefeita Marta Suplicy.
As últimas pesquisas eleitorais mostram empate entre a petista e o candidato do PSDB, José Serra, no primeiro turno, mas apontam boa vantagem do tucano na segunda rodada.
Tanto Pereira quanto Genoino confiam na vitória de Marta. No discurso predominam chavões como "segundo turno é outra eleição" e "a força da militância petista é muito maior do que a de outros partidos".
O secretário-geral afirma que as duas candidaturas estão equilibradas e vê falhas na campanha de Marta que devem ser corrigidas. Ele garante que se for necessário, o presidente Lula entrará mais forte no apoio à petista.
"A Marta é muito maior do que foi a campanha, o governo dela fez muito mais, os programas deveriam mostrar muito mais coisas", disse Pereira. "Acho que no segundo turno terá de ser feito um ajuste, se acertamos a mão no programa de TV, no discurso político, venceremos."
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