RIO - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou R$ 33 bilhões no ano passado, 6% mais que em 2002. Adicionando os repasses do Tesouro Nacional para o Programa Emergencial de Energia (R$ 1,8 bilhão) e o Programa FAT Exportação (R$ 177 milhões), as liberações feitas pelo BNDES no ano passado atingiram R$ 35 bilhões. Para as micro, pequenas e médias, o aumento dos desembolsos foi de 22%, atingindo R$ 10 bilhões.
- Apesar de ter sido um ano difícil para a economia como um todo, a instituição teve um bom desempenho operacional - avaliou o vice-presidente do banco, Darc Costa.
O banco já prevê desembolsos totais de R$ 47,3 bilhões neste ano, um aumento de 43%.
- É um desafio enorme para nós e reflete claramente a intenção desenvolvimentista do governo neste ano - afirmou Costa.
O vice-presidente admitiu que o valor previsto de desembolsos poderia ser ainda maior se o banco se capitalizasse. A questão, conforme analisou, já está colocada junto ao governo federal e será resolvida. O orçamento não conta com a fonte de capitalização do Tesouro, acrescentou. O orçamento para 2004 terá como base o retorno de operações passadas, estimado por Costa em mais de R$ 33 bilhões no exercício.
Outras fontes serão operações junto a organismos institucionais, como o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no total de U$1 bilhão, e recursos do FAT, no montante de R$ 11 bilhões - somando FAT Especial (R$ 5 bilhões) e Fat Constitucional (R$ 6 bilhões) -, além de novos mecanismos de captação no mercado interno, que incluem o lançamento do fundo de ações BNDES, em estudo pela área técnica da instituição.
Costa afirmou que, em virtude da redução dos prazos dos financiamentos, o retorno desses créditos passados será mais rápido. Ele acredita ainda que o orçamento de 2005 deverá ser maior do que o deste ano.
Dentro do orçamento de R$ 47,3 bilhões para 2004, o BNDES está prevendo crescimento de 89% nos financiamentos ao setor de infra-estrutura, destacando os segmentos de energia e transporte, para os quais as liberações de recursos deverão passar de R$ 7 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente. As operações de financiamento ao segmento de telecomunicações deverão ser retomadas pelo banco este ano, superando R$ 1 bilhão. Haverá crescimento nos desembolsos de 24% para o setor agrícola, que recebeu R$ 4,5 bilhões em 2003, com o objetivo de ampliar a produtividade do setor, por meio de novas máquinas e equipamentos e programas dirigidos a segmentos específicos. Já o financiamento ao setor industrial deverá crescer 28%. Os segmentos que demandarão mais recursos são material de transporte (aviões da Embraer e vagões ferroviários), agroindústria, papel e celulose, metalurgia e siderurgia. Cada um desses setores deverá receber R$ 1 bilhão a mais do que o montante recebido no ano passado, garantiu Costa.
Para a área social do BNDES, que engloba educação e saúde, de acordo com a definição do IBGE, a meta é crescer o volume de desembolsos perto de 80%. Isso representará cerca de R$ 1 bilhão para as duas atividades, contra R$ 345 milhões em 2003. Incluindo os departamentos sociais do banco, que trabalham com agricultura familiar, gestão municipal, agroindústria e crédito à produção, entre outras áreas, os desembolsos sociais em 2003 somaram R$ 1,5 bilhão e devem alcançar em 2004 algo em torno de R$ 3,93 bilhões, informou o vice-presidente do BNDES.
As quatro principais linhas de atuação divulgadas pelo BNDES para este ano são a inclusão social; a recuperação e o desenvolvimento da infra-estrutura nacional; a modernização e a ampliação da estrutura produtiva; e a promoção das exportações.
APOIO AOS PEQUENOS - Em 2004, o banco pretende dar mais apoio às micro, pequenas e médias empresas. O volume de desembolsos para o segmento no ano passado representou 32% do total.
O banco destacou o desempenho do Cartão BNDES, que fornece crédito rotativo de até R$ 50 mil para empresas de menor porte. O número de cartões pulou de um para 2.160 no ano passado. O limite médio dos créditos concedidos pelo cartão foi de R$ 20.500. Os créditos somaram R$ 44,4 milhões.
O BNDES disse que participará em 2004 da integração sul-americana e do fortalecimento das empresas brasileiras no exterior.
"Os esforços para promover a retomada do crescimento econômico tornarão indispensável mobilizar o setor privado, por meio de parcerias público-privadas (PPPs)", diz o banco em um comunicado.
O Programa Finame, do BNDES, desembolsou R$ 5,3 bilhões no ano passado para compra de máquinas e equipamentos, uma alta de 33% em relação a 2002. Segundo o BNDES, "essa modalidade de financiamento é instrumento para a ampliação e a modernização de empreendimentos industriais e comerciais, contribuindo para o crescimento econômico, a criação de empregos, a geração de renda e o aumento das exportações".
ACESSO AO BANCO - As aprovações de financiamentos, os enquadramentos e as cartas-consultas do BNDES também tiveram desempenho positivo em 2003. Os enquadramentos subiram 34%, para R$ 38,8 bilhões, enquanto o volume de aprovações cresceu 17%, para R$ 38 bilhões. No ano passado houve um volume de pedidos de cartas-consulta de R$ 42,9 bilhões, uma alta de 14%. Segundo o BNDES, as cartas-consulta indicam a disposição do empresariado em fazer investimentos na produção e funcionam como um indicativo do nível de confiança no futuro da economia do país.
- Isso sinaliza um horizonte mais sólido para o crescimento dos desembolsos do BNDES no exercício de 2004, porque a aprovação de hoje é o desembolso de amanhã - declarou Costa.
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