BRASÍLIA - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) poderá diponibilizar recursos para o financiamento de equipamentos para processamento de leite. A notícia foi dada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, durante reunião, nesta terça-feira, da Câmara Setorial do Leite e Derivados. A idéia é que algumas cooperativas de leite possam utilizar o financiamento para arrendar as máquinas da Parmalat.
- O governo se preocupa com o eventual efeito dominó da crise da Parmalat. Estamos preocupados, pricipalmente, em relação ao pequeno produtor de leite - afirmou o ministro, que cogitou ainda a possibilidade de o governo federal comprar o leite em pó que está sendo pago pela Parmalat às cooperativas para utilizá-lo no Programa Fome Zero.
Rodrigues garantiu que, até o final da semana, encontrará uma solução definitiva para o problema. De acordo com cálculos dos presidente das Cooperativas do Noroeste Fluminense, Moacyr Seródio, a dívida da Parmalat com os produtores chega a R$ 8,3 milhões. O presidente da Organização das Cooperativas Brasileira (OCB), Márcio Lopes de Freitas, acredita que a crise da Parmalat irá atingir, principalmente, produtores de Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.
- É uma crise localizada no setor leiteiro e de fácil solução - afirmou.
Segundo dados da OCB, o Brasil produz 22 bilhões de litros de leite por ano, e a participação da Parmalat na compra desta produção não ultrapassa 1 bilhão de litros.
PRESSÃO NO RIO - O governo fluminense vai pedir ao presidente da Parmalat Brasil, Ricardo Gonçalves, que apresente um cronograma de pagamento da dívida da empresa com as 11 cooperativas que fornecem cerca de 300 mil litros de leite por dia para a fábrica em Itaperuna, no noroeste do estado. Até agora só foram pagos 30% da parcela de R$ 2,3 milhões, referentes à segunda quinzena de novembro. O total do mês de dezembro é de cerca de R$ 5 milhões. A reunião será nesta quarta-feira, em São Paulo.
O secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, defendeu tratamento para grandes, médios e pequenos produtores. Segundo ele, a Parmalat estaria pagando aos grandes fornecedores e atrasando o repasse dos recursos devidos às cooperativas, que congregam maior número de produtores familiares.
O governo do Rio quer uma definição clara da situação da Parmalat brasil: se a companhia está a salvo dos problemas que determinaram a falência do grupo na Itália e de outras subsidiárias no mundo. - Queremos que exista um diálogo claro e transparente entre a empresa, o ambiente de produção, a cadeia de produtores e o governo - afirmou Áureo.
Por precaução, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais no país, está examinando as demonstrações financeiras da Parmalat Brasil. A autarquia diz que não há uma investigação formal, mas uma checagem, para ver se há algo que leve a CVM a aprofundar o exame. No Brasil, a Parmalat tem seis mil funcionários e declarou um lucro de R$ 133 milhões nos nove primeiros meses do ano passado. O balanço fechado de 2003 ainda não foi divulgado. Apesar de a empresa ser uma importante fornecedora, ela não tem muito peso no mercado financeiro. De acordo com a CVM, a Parmalat Brasil não tem ações negociadas em bolsa. Havia 0,13% da empresa nas mãos de acionistas minoritários, em debêntures, mas esses papéis foram recomprados pela Parmalat e estão guardados em tesouraria.
O secretário de Agricultura do Rio declarou que os produtores não podem viver na angústia de não saber quando vão receber. Ele explicou que, apesar de ser uma atividade importante, a produção leiteira apresenta baixa rentabilidade e, sem liquidez, isto é, se os recursos passam a ser incertos, ela perde seu sentido. No caso específico do Rio, Áureo disse que o governo quer uma avaliação precisa da Parmalat sobre as condições de manutenção da unidade de Itaperuna. Segundo ele, se não houver garantia de funcionamento, serão pensadas alternativas que permitam a continuidade das operações de secagem de leite. O objetivo é manter estoques estratégicos de produtos, mesmo em períodos de entressafra, seja através da arrecadação ou da venda para um grupo de cooperativas ou empreendedores. A fábrica de Itaperuna gera 220 empregos diretos e mais de mil indiretos, além da ocupação de mais de 40 mil pessoas em 10 propriedades fornecedoras de leite, disse o secretário.
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