'Senhor dos Anéis- O Retorno do Rei' estréia hoje nos cinemas

Globo.com

Atualizada em 27/03/2022 às 15h10

GLOBO - "Senhor dos Anéis - O retorno do rei", que estréia neste dia 25 no Brasil. O filme é longo e você pode ser traído e ter que abandonar a sala para ir ao banheiro. Corre o sério risco de perder uma bela cena neste que é o melhor filme da série e uma das mais empolgantes aventuras das últimas duas décadas.

São três horas e 20 minutos de uma espécie de ópera-pop-medieval. Tudo bem que a trilha sonora é viciada no lugar comum e o final um pouco arrastado. São deslizes que não arranham a diversão de primeiríssima linha.

Por isso, faça um sacrifício: evite pipoca para não ficar com sede. A última parte da trilogia já sai na frente das outras por um motivo óbvio: há um fim fechado com The End escrito na tela. O público sabe que o mal será finalmente derrotado e a paz reinará no universo de J.R.R. Tolkien.

Mas até lá, meu amigo cinéfilo, você vai sofrer. E como. Seu coração vai acelerar e seus olhos serão invadidos por imagens reais e fantásticas. A melhor dela é, sem dúvida, a caverna de Laracna. A seqüência do embate do animal com Frodo e, em seguida, com Sam é de uma perfeição nunca antes vista. A câmera de Peter Jackson mostra ângulos à Hitchcock. Há momentos que o ponto de vista é o da vítima e, em outros, piores, é o da aranha. O aracnídeo em questão é a reprodução perfeita daquelas que habitam os nossos pesadelos, numa escala de um para mil.

As desventura de Frodo e Sam com a Laracna e Gollum é uma das narrativas que constroem "O retorno do rei". As outras são a fuga do mago Gandalf e Pippin para Minas Tirith, capital de Gondor; o desvio de rota de Aragorn, Gimli e Legolas para Sendas dos Mortos; e a cavalgada dos outros heróis sob o comando do monarca Rohan. Todas vão convergir para grande batalha no campo de Pelennor.

O encontro marcado é nos arredores de Tirith, que está sitiada por centenas de milhares de orcs. O mal criou uma espécie de Forças Armadas. A aeronáutica é formada por dezenas de nazgûls (criaturas aladas) sob a batuta do rei bruxo de Angmar. Piratas mercenários são a marinha. O exército, além dos orcs, tem o reforço de Haradrim & Mûmakil, um povo do sul equipado com as feras oliphaunts, mamutes gigantes e malvados.

Com um apetite comparável ao do secretário da Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, as três unidades avançam como nuvens de gafanhotos sob a capital de Gondor. Do embate entre o lado negro e os soldados da Justiça nascem cenas singulares. A ação suicida de Faramir contra os orcs na cidade de Osgiliath é um primor. A derrota iminente tem como trilha sonora a canção triste que Pippin entona para o regente de Gondor, Denethor. A montagem cuida do resto. Enquanto o

pai ouve a música e degusta uma refeição como um carnívoro egoísta, o filho sucumbe, em câmera lenta, às flechas dos inimigos . Denethor dá o seu show mais tarde, quando incorpora uma entidade shakespeariana e mergulha fundo na insanidade.

A Batalha no Campo de Pelennor tem um quê de retrô. Os efeitos especiais lembram cinema antigo com maquetes e miniaturas interagindo com monstros digitais e atores num realismo atroz. É tudo que George Lucas não conseguiu com os Episódios I e II. Um parênteses: E, por falar em "Guerra nas estrelas", não é que os oliphaunts parecem versões vivas dos tanques quadrúpedes de "O império contra-ataca".

Mesmo com o poderio da oposição, existe alguma dúvida de que os inimigos serão derrotados? Mas não há moleza até o happy end. Os adversários, para sorte de quem está na poltrona, valorizam a vitória do bem. A guerra é tão dura que até espíritos guerreiros são convocados para reforçar o lado branco da paz.

Enquanto isso no núcleo Andaraí da trama, os pobres Sam, Frodo e o espírito de porco Gollum seguem em direção à Montanha da Perdição. A peste digital continua tão dissimulada quanto a jovem Laura de "Celebridade". Didáticos, os roteiristas Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens põem Gollum para dialogar com o seu (e o nosso) lado perverso refletido no lago. É quando a tecnologia dá um show de interpretação.

Peter Jackson deixa poucas brechas para fugas ao sanitário. Uma das raras ressalvas de "O retorno do rei" é a cena final. Terminar a trilogia "O senhor dos anéis" com um close numa porta amarela é o fim... Até aqui, já pode ser tarde para ir ao banheiro.

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