REUTERS - Um grupo de cientistas franceses criou a fórmula para multiplicar "in vitro" as células-tronco do sangue humano, o que abre caminho para novos tratamentos celulares e genéticos. Segundo especialistas do Instituto Cochin de Paris, a importância da descoberta está em que, depois de multiplicadas, as células-tronco não perdem sua potencialidade e mantêm a capacidade de transformar-se em células especializadas de diferentes tecidos.
Serge Fichelson, do departamento de hematologia do Instituto, explicou ao jornal Liberation que estas células garantem a produção de todas as outras do sangue (glóbulos vermelhos e brancos, plaquetas) encarregadas das funções de limpeza e imunidade. Essa dupla capacidade as converte em "essenciais" para os tratamentos terapêuticos, mas seu número limitado em pacientes submetidos a quimioterapia ou com doenças genéticas impedia os transplantes até agora.
A equipe do Cochin, subordinada ao Instituto Nacional da Saúde e Investigação Médica (Inserm), recorreu à proteína HoxB4, que normalmente intervém na formação embrionária. Esta proteína, que possui a propriedade de penetrar nas células, permitiu que os cientistas evitassem qualquer modificação do genoma das células-tronco.
Sem que tenham podido decifrar as causas, os especialistas do Instituto Cochin comprovaram que a transferência passiva da HoxB4 provoca o aumento do número de células-tronco no organismo. A descoberta permitirá que os pacientes recebam uma quantidade suficiente de "um coquetel de células sem especialização, de modo que se adaptem às necessidades de cada doente".
Os especialistas franceses se mostram convencidos de que a multiplicação das células-tronco se converterá "em questão de anos", segundo Sophie Amsellem, coordenadora dos trabalhos, em um aspecto "essencial" da medicina regenerativa e, sobretudo, da hematologia.
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