Maranhão está na mira da lei fiscal

Além de Maranhão, outros cinco governos estaduais estão acima do limite de endividamento permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Agência Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 15h24

Brasília - Seis governos estaduais estão acima do limite de endividamento permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal e terão de apertar suas contas para não correrem risco de sanção fiscal e penal nos próximos 15 anos.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão e Mato Grosso estão com uma dívida líquida pelo menos duas vezes maior do que sua receita corrente e terão de apresentar melhoras já no próximo relatório de gestão fiscal a ser publicado até fevereiro. Um sétimo Estado, o Rio de Janeiro, está numa situação pior, pois entrou no vermelho no segundo quadrimestre de 2002 e terá apenas um ano para se ajustar.

"O descumprimento da trajetória de endividamento é um dos casos mais graves da Lei de Responsabilidade Fiscal", afirma o economista Edson Ronaldo Nascimento, analista de finanças do Tesouro e autor do livro "Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal". Segundo ele, o governador que não se ajustar ao limite de endividamento, aumentando receita ou cortando gastos, pode até ir para a cadeia. O grau de endividamento permitido pela lei fiscal é de no máximo duas vezes a receita corrente líquida do Estado. Os governos que estavam em 2001 com uma dívida acima desse limite precisam eliminar esse excesso em 15 anos, progressivamente, a uma fração de um quinze avos por ano.

O índice de endividamento de Mato Grosso do Sul, por exemplo, era de 2,84 no final de 2001 - o que significa que precisava ser reduzido a 2,78 até o final de 2002. Apenas em fevereiro, pelos relatórios de gestão fiscal, saberemos qual o resultado obtido pelo governador Zeca do PT, mas o levantamento de agosto indicava que o Mato Grosso estava em 2,79.

Minas Gerais é um dos Estados que tem o maior grau de endividamento, mas os últimos relatórios de gestão fiscal do governo Itamar Franco maquiaram a verdadeira situação, apresentando uma dívida pela metade e reduzindo seu índice de 2,52 para 1,23. Pelas regras da lei fiscal, Minas deveria reduzir seu endividamento para 2,48 até dezembro, mas os dados de agosto mostravam que o Estado ainda estava em 2,50.

De todos Estados que estavam no vermelho, apenas Mato Grosso já conseguiu reduzir seu nível de endividamento para abaixo de 2, conforme indica o relatório de agosto, mas esse resultado deverá ser confirmado no próximo levantamento, com os números finais de 2002. No caso do Rio de Janeiro, o Estado estava com sua dívida em um nível 1,91 vezes maior do que a receita no final de 2001, mas em agosto de 2002 esse índice subiu para 2,09.

Se o relatório de dezembro de 2002 confirmar a extrapolação do limite, a governadora Rosinha Garotinho (PSB) terá apenas um ano para se ajustar.

Segundo Nascimento, isso deve ser feito de duas maneiras: ou aumentando a receita ou os pagamentos da dívida, cortando outras despesas. Além da dívida consolidada, o Rio de Janeiro também enfrenta problemas sérios com sua dívida de curto prazo, chamada flutuante, que ainda não é controlada por lei.

A partir de fevereiro, os governo estaduais também deverão incluir em seus relatórios de gestão fiscal um demonstrativo sobre suas dívidas flutuantes. O objetivo é dar transparência para o total endividamento dos Estados, que muitas vezes não aparece a primeira vista mas pode se transformar em uma bola de neve. No caso do Espírito Santo, a dívida flutuante é maior do que a consolidada.

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