O deputado Roberto Rocha anunciou ontem, oficialmente, no programa eleitoral do PSDB, sua desistência da disputa pelo Governo do Estado.
Apresentada como uma decisão “para mudar o Maranhão”, a renúncia é na verdade o resultado de um grande acordo envolvendo a cúpula nacional do PSDB e do PDT.
Pelo acordo, que teve outros desdobramentos no plano estadual, como uma crise dentro do próprio PSDB, Jackson Lago assumiu o compromisso de ignorar a candidatura de Ciro Gomes – o que já vinha fazendo – e apoiar a candidatura do tucano José Serra.
De acordo com uma fonte do PSDB, Jackson Lago firmou o compromisso de, caso Lula não vença a eleição presidencial no primeiro turno e venha a disputar o segundo turno com o tucano, o candidato da “Frente Trabalhista” e todo o seu grupo montarão palanque para Serra no Maranhão. Ou seja, na interpretação da fonte do PSDB, “Jackson tucanou”.
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Esforçando-se para mostrar serenidade, mas preocupado com a repercussão do seu gesto, Roberto Rocha disse que sua renúncia tem o objetivo de evitar a realização de um segundo turno nas eleições maranhenses, mas na verdade a intenção é tentar tirar Serra do último lugar nas intenções de voto dos maranhenses, segundo garantiu, ontem mesmo, uma fonte do partido que não aceita a aproximação com Jackson Lago.
Acordo – No plano estadual, o acordo para que Roberto Rocha renunciasse vinha sendo negociado há duas semanas. Em troca da saída do tucano, Jackson teria garantido apoio a alguns candidatos do PSDB ligados a Rocha, para inviabilizar a eleição de outros do mesmo partido mas que não seguem a orientação de Rocha, o que abriu uma crise no ninho maranhense. Tanto que parte dos candidatos do PSDB não sabia das bases do acordo negociado com a cúpula do partido.
As negociações foram comandadas pelo deputado Sebastião Madeira, pelo lado tucano, e pelo próprio Jackson Lago. Entre os tucanos o clima é de racha. O deputado federal João Castelo é contra a renúncia de Roberto Rocha, assim como o vereador Alberto Franco e a maioria dos candidatos proporcionais do partido. Castelo chegou a classificar as reuniões de “conchavo”. E o candidato a vice-governador, José Joaquim, ligado a Castelo, não participou das negociações.
Na quarta-feira, Jackson Lago gravou um programa em que pediu a renúncia, em seu favor, de todos os candidatos de oposição. Mas centralizou seu discurso no próprio Roberto, com quem já havia acertado tudo. E também porque já sabia, de antemão, que Ricardo Murad (PSB) e Raimundo Monteiro (PT) não topariam a armação política. Só o tucano aceitou.
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