Romaria de São José de Ribamar reúne 40 mil fiéis

Devotos de São José de Ribamar percorrem 23 quilômetros a pé para agradecer ao santo graças recebidas.

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 15h30

Uma longa caminhada em nome da fé. Assim foi o desafio enfrentado por cerca de 40 mil pessoas que percorreram 23 quilômetros para agradecer as graças concedidas por São José de Ribamar - o santo padroeiro do Maranhão. A tradicional Romaria de São José de Ribamar começou na noite de sábado e terminou com uma missa campal celebrada na praça da cidade pelo padre Ricardo João Moreira, da paróquia de São José de Ribamar, na manhã de ontem. A romaria faz parte da programação da festa em homenagem ao santo, que acontece há mais de 200 anos.

Os romeiros partiram do retorno da Forquilha às 23h10 e começaram a chegar à cidade balneária por volta das 3h da manhã de ontem. A concentração na Forquilha foi marcada por orações, música e muita devoção. A imagem do santo iluminada foi posicionada em cima de um carro e enfeitada com flores naturais. A primeira-dama do Estado, Alexandra Tavares, levou a mensagem do governador José Reinaldo Tavares aos peregrinos. José Reinaldo Tavares estava viajando e se deslocou para São José de Ribamar quase ao amanhecer, acompanhado do senador Edison Lobão.

Antes mesmo do início da caminhada, os devotos não escondiam a emoção ante a imagem do santo na berlinda. Velas acesas, terços sagrados, flores e outros objetos foram levados pelos participantes durante o trajeto. “Fiz a promessa para que meu marido ficasse bom de uma doença que ele teve e consegui. Por isso hoje estamos aqui”, disse Sônia Maria Gonzaga, de 36 anos, que acompanhada do marido segurava uma vela do mesmo comprimento dele.

CRIANÇAS - Além de adultos e pessoas idosas, muitas crianças também fizeram o percurso. Foi o caso da menina Caroline Ferreira Martins, de apenas um ano de idade. Ela pagava promessa feita pela mãe, Marília de Jesus Martins. “Ela tinha três meses quando caiu de uma cama e ficou doente. Foi quando eu fiz a promessa para o santo e deu certo”, contou Marília de Jesus Martins, que acompanhava a filha na caminhada até São José de Ribamar, munida de copos de água, suco de frutas e alimentos.

A romaria contou também com a presença de crianças ainda mais jovens, como o garoto Emanoel Teixeira, de quatro meses. O pai, Manoel Domingos, empurrava o filho dentro de um carro de bebê junto à multidão de romeiros. “Quando ele estava prestes a nascer, minha esposa não conseguia sentir as dores do parto. Ela tomava vários medicamentos, mas não adiantava. Depois que fiz a promessa, as dores do parto finalmente chegaram. Essa é a razão pela qual ele está aqui com a gente hoje”, contou Emanoel Teixeira.

A fé que move os devotos de São José de Ribamar a percorrer o longo caminho da romaria, rezando e cantando até o final do percurso, tem uma razão de ser. Descalça e segurando um terço de madeira, a enfermeira Maria das Dores Andrade levantava as maõs para o céu durante o trajeto. Segundo ela contou, andaria muito mais se fosse preciso. “Chego até onde São José ordenar. Confio nele como na minha própria mãe. Ele nunca me deixou na mão e quanto mais me aproximo da cidade, mais feliz eu vou ficando”, revelou Maria das Dores, de 54 anos, que veio do interior do estado somente para participar da peregrinação.

AMIGAS - As amigas Ana Maria Belfort de Sousa, Terezinha Marques, Carmélia Jesus Costa, Eney Maria Marques, Déa Vasquez e Eliane Silva estavam participando juntas pelo segundo ano consecutivo da Romaria de São José de Ribamar. Para elas, o esforço da caminhada de 23 quilômetros vale a pena, pois, segundo elas, a devoção é mais forte do que o cansaço. “A devoção a São José de Ribamar é uma tradição na minha família. Faço muitas promessas a ele e por isso venho à peregrinação”, revelou Ana Maria Belfort.

Já a amiga Carmelita de Jesus Costa confessa que já chegou a desmaiar de cansaço após a longa caminhada da romaria, embora não tenha perdido o entusiasmo para participar. “Não estou pagando nenhuma promessa. Venho porque gosto dessa movimentação e admiro as pessoas que fazem sacrifícios por terem alcançado alguma graça de São José de Ribamar”, disse Carmelita Costa.

Durante a peregrinação, grupos de pessoas em diferentes pontos do trajeto se uniram aos romeiros. No bairro Maiobão, por exemplo, centenas de pessoas aguardavam a imagem do santo para acompanhar o cortejo. À medida que o tempo passava, o cansaço dos romeiros aumentava ainda mais. Alguns devotos não aguentaram e sentaram-se pelas calçadas. Por outro lado, muita gente aproveitou a oportunidade para entrar em forma. “Estou testando a minha resistência física, porque faço caminhadas diariamente por ordem do médico. Quero ver se São José de Ribamar vai me deixar na mão”, disse correndo o bancário Valdemar Campos, vestido em trajes de cooper.

SAUDAÇÕES - Ao chegar à cidade balneária, os peregrinos saudaram a imagem do santo e entoaram canções que mencionam o nome de São José de Ribamar. Também houve saudação no momento em que a imagem se aproximou da concha acústica armada na praça da cidade. Após o posicionamento da imagem, alguns devotos se dirigiram à igreja de São José de Ribamar para se ajoelhar ante ao altar-mor, enquanto outros acendiam velas na Casa dos Milagres, que fica ao lado da igreja.

“Missão cumprida. Cheguei aqui descalça e sem tomar sequer um gole de água como tinha prometido a São José de Ribamar. Agora vim acender cinquenta velas pequenas, que também havia prometido para ele. Depois vou rezar na igreja. A sensação de pagar uma promessa importante é muito boa”, disse muito alegre a professora Otacília Cordeiro, ajoelhada do lado de fora da Casa dos Milagres.

O final da Romaria de São José de Ribamar foi marcada por uma multidão de peregrinos que assistiram à missa campal no meio da praça, no altar montado na concha acústica. O padre Ricardo Moreira iniciou as orações e pediu aos romeiros para que levantassem as mãos. Muita gente não aguentou o cansaço e se deitou no meio da praça. Quem esperava na cidade para ver a imagem do santo se juntou aos romeiros.

“No ano passado, fizemos o percurso em três horas. Esse ano demoramos um pouco mais. A peregrinação, por sua vez, cresce a cada ano que passa e é uma coisa bonita de se ver e de participar. É um momento de congregação e fé”, finalizou o padre Bráulio Aires, da paróquia de São José de Ribamar.

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