Fórum em Davos estudou riscos econômicos e refletirá sobre novos valores

Atualizada em 27/03/2022 às 14h28

SÃO PAULO - Os mais de 2.300 participantes que se despediram neste domingo do Fórum Econômico Mundial de Davos deixaram a Suíça com idéias sobre como utilizar a criatividade na solução de problemas globais, e terão a incumbência de refletir sobre os valores que movimentarão o mundo, o tema do próximo fórum.

Durante esta edição, o fórum se concentrou na necessidade de buscar soluções criativas para os grandes desafios que a economia mundial enfrentará em 2006, que, segundo os especialistas, já não são mais os tradicionais como a bolha imobiliária e as transformações financeiras da América Latina.

Os "gurus" da economia mundial concordaram que suas mudanças estão cada vez mais ligadas a imprevistos fora do âmbito econômico, dado o trágico fechamento de 2005, ligado aos desastres naturais ocorridos durante o ano.

No entanto, o risco que tira o sono de muitos dos economistas e políticos que estiveram presentes ao fórum, e que apareceu pela primeira vez na agenda do encontro, é o temor de que, como advertem os grandes organismos internacionais de saúde, o vírus da gripe aviária (H5N1) sofra uma mutação e se torne facilmente transmissível entre as pessoas, o que pode gerar uma pandemia de âmbito global.

De acordo com os especialistas, além do grande número de mortes que causaria, o H5N1 também pode ter um efeito extremamente destrutivo nas atividade empresariais, sistemas de saúde nacionais e na estabilidade macroeconômica dos países.

À exemplo da gripe aviária, o maior temor em relação à economia vem da Ásia. Os especialistas dedicaram grande parte das sessões de trabalho para analisar os riscos do rápido crescimento das principais economias emergentes, especialmente da China e da Índia.

Além da alta competitividade de seus produtos, das condições de trabalho e da qualidade de vida de seus habitantes, essas economias representam uma ameaça à medida que consomem cada vez mais energia e desequilibram a garantia de fornecimento em outras partes do mundo.

Por isso, as delegações da China e da Índia, assim como de outros países orientais, tentaram transmitir tranqüilidade à comunidade internacional, além de atrair investidores estrangeiros ao oferecer mais abertura comercial e estabilidade.

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Outras preocupações são as instabilidades geopolíticas da Ásia, região que mais atraiu atenções no fórum, em detrimento da América Latina, a grande esquecida nesta edição do encontro.

Talvez por isso o fundador do fórum, Klaus Schwab, tenha organizado outro encontro sobre a América Latina, que acontecerá em abril em São Paulo.

Mesmo assim, o que Schwab fez questão de anunciar com destaque foi a realização de outro "Fórum de Davos" anual em Pequim.

Poucos foram os assuntos puramente sociais tratados este ano, embora houvesse sessões com temas sugestivos como o que é a felicidade, como manter uma relação estável por toda a vida, a moral na economia ou a tarefa educativa dos pais.

E isso apesar das inquietações sociais serem o que atrai ao fórum personagens ilustres, liderados este ano pelo casal da moda em Hollywood, os atores Brad Pitt e Angelina Jolie, na qualidade de embaixadora do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Outros famosos que apareceram intencionalmente para promover causas sociais foram Pelé, o ator Michael Douglas, o boxeador Mohammed Ali e os cantores Bono Vox, do U2, e Peter Gabriel.

O príncipe Haakon da Noruega e a rainha Rania da Jordânia também participaram de debates de caráter social.

Em 2007, o fórum, que anualmente altera por uma semana a rotina da cidade suíça de Davos, possivelmente concentrará seus debates nos valores que devem movimentar o mundo dos negócios e da política.

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