SÃO PAULO - O jornal britânico The Observer afirma neste domingo que a polícia demorou em chamar reforço de oficiais armados na operação que culminou com a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes numa estação de metrô de Londres.
De acordo com o jornal, que conduziu sua própria investigação, houve um atraso na decisão da polícia de chamar oficiais armados para prender o brasileiro, que estava sendo "confundido com um homem-bomba".
A afirmação faz parte de uma reportagem de duas páginas intitulada: "Morte em Stockwell, as perguntas sem resposta".
As circunstâncias da morte de Jean Charles estão sendo investigadas oficialmente por uma comissão independente da polícia.
O eletricista, de 27 anos, foi morto com oito tiros, sete deles na cabeça. O Observer diz ter descoberto que o "atraso" é um ponto-chave do inquérito policial.
Circuito interno
Na manhã em que foi morto, o brasileiro estava sendo vigiado por policiais à paisana que o seguiram em um ônibus até à estação de metrô Stockwell.
Segundo o jornal, esses policiais que monitoravam Jean Charles, desde que o eletricista saiu de casa para trabalhar, não estariam armados.
"Os oficiais tiveram que trocar de lugar com os policiais da S019, a unidade de armas de fogo da Polícia Metropolitana", afirma o Observer.
A reportagem do jornal sugere que o "atraso é crucial, pois se a polícia achava que o brasileiro era perigoso - talvez um homem-bomba - permitir que ele chegasse à estação só levaria a um aumento de tensão e das chances de alguma coisa dar errado", diz a reportagem assinada pelos jornalistas Tom Phillips e Tony Thompson
O jornal ainda menciona a revelação de que a maioria das câmeras de circuito interno não estaria funcionando no dia da morte do brasileiro.
Testemunha
"Existem imagens de um suspeito de envolvimento na tentativa de ataques a bomba saindo de uma estação de metrô perto (da de Stockwell). E após os atentados de 7 de julho, os diretores das estações de metrô deveriam ter se esforçado para manter todas as câmeras funcionando", diz o Observer.
Segundo o jornal britânico, as perguntas sem resposta sobre o caso Jean Charles estão aumentado cada vez mais. "A versão inicial diz que de Menezes foi alvejado por estar vestindo uma jaqueta pesada, ter se recusado a parar e pulado a catraca. Já foi provado que todas estas informações são falsas. Ele estava vestindo uma jaqueta jeans, usou um bilhete eletrônico para entrar na estação e simplesmente caminhou à plataforma sem ser abordado", continua o semanário.
Daily Mail
A reportagem do Observer cita ainda uma testemunha que diz ter visto os policiais no vagão antes mesmo dos disparos que mataram Jean Charles, procurando pelo suspeito.
"Quando eles entraram no vagão o contato de rádio com os demais policiais também buscando de Menezes se perdeu. E quando isso aconteceu, a decisão de atirar não partiu mais de um superior, mas sim dos próprios policiais", conclui o Observer.
Também neste domingo, um outro jornal britânico, Daily Mail, afirma em sua edição que ao contrário do que foi informado pela polícia inicialmente, Jean Charles de Menezes foi morto por dois policiais em vez de um.
"Uma pessoa ligada ao caso afirmou na noite passada, que de fato foram dois policiais que dispararam os tiros fatais", diz o jornal.
O Daily Mail afirmou ainda em sua reportagem que a empresa Tube Lines, responsável pela manutenção do circuito interno de TV das estações de metrô, negou que as câmeras da estação de Stcokwell estivessem fora de funcionamento no dia da morte do brasileiro.
"A Tube Lines negou a alegação dizendo que suas câmeras estavam fucionando em 22 de julho", informou o jornal britânico.
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