Israel exige "permissão" para que palestinos morem em suas casas

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h12

REUTERS - Palestinos do pequeno vilarejo de Jubara (norte da Cisjordânia), já "aprisionados" entre Israel e um "portão de proteção" --que dá passagem à Cisjordânia e limita o acesso a escolas, clínicas e campos de plantação-- assustaram-se quando soldados israelenses começaram a colocar cartazes de aviso em telefones públicos e em postos de checagem ao redor do local.

O aviso falava de uma ordem sem precedentes: todos os moradores precisariam apresentar uma permissão especial para ficar em Jubara [onde vivem cerca de 300 pessoas] . A notícia não contém especificações de expulsão, mas tanto civis como oficiais palestinos dizem que "tal mensagem" está embutida no aviso.

As restrições, que afetam cerca de 7.500 palestinos, atingem pela primeira vez as crianças palestinas desta região desde que Jerusalém Oriental foi ocupada por Israel em 1967.

Hoje, dezenas de crianças, com idade entre seis e 15 anos, esperaram por mais de uma hora, sob o forte sol do meio-dia, até que soldados israelenses liberassem sua passagem através do "portão de proteção" para que voltassem de Al Ras para o vilarejo de Jubara (Tulkarem).

Oficiais das Nações Unidas criticaram a restrição de Israel --ordenada pela primeira vez em 36 anos de ocupação. "Isto transforma o direito de uma pessoa viver em sua casa em um privilégio", disse David Shearer, chefe de uma organização de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) na região.

Para alguns palestinos, a expulsão de suas casas é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa --pior até que a prisão. Muitos temem que o governo israelense os force a viver em pequenos enclaves na Cisjordânia e reivindique o restante do território para o Estado judeu.

O Exército israelense disse que a ordem de restrição não faz parte de um plano de ocupação, mas de um novo esforço para barrar militantes dispostos a praticar atentados contra Israel.

"Nós não temos a intenção de deslocar pessoas de suas casas. Mas nós precisamos considerar que pessoas que não têm a necessidade de morar próximo ao "portão de proteção", não devem ficar no local", disse a major Sharon Feingold, uma porta-voz do Exército israelense.

Mas os moradores de Jubara não vão ganhar aprovação automática à "permissão especial" que lhes concede o direito de viver em suas próprias casas.

"Todo aquele que quiser a permissão tem de solicitá-la. Se nós nos convencermos de que o requerente realmente trabalha na área, então essa pessoa receberá a autorização", disse Feingold.

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