MARANHÃO - O Maranhão está à frente de uma iniciativa inédita no Brasil e no mundo: a implantação da primeira universidade em território indígena, localizada na Terra Indígena Arariboia, no município de Amarante do Maranhão. O projeto foi apresentado durante o primeiro dia da COP30, em Belém, e é coordenado pelo Instituto Tukàn, com apoio do Governo do Estado.
A universidade tem como objetivo unir os saberes tradicionais indígenas à estrutura acadêmica, promovendo uma educação superior voltada à autossustentabilidade, preservação ambiental e valorização cultural dos povos originários. Todo o processo está sendo construído com participação direta das comunidades indígenas, por meio de consultas e escutas conduzidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).
Pioneirismo e reconhecimento internacional
Durante o evento, o governador Carlos Brandão destacou o caráter inovador da proposta.
“Esta é uma iniciativa pioneira para a formação superior dos povos indígenas do Maranhão, aliando saberes tradicionais e acadêmicos. É uma forma de garantir educação, preservar a cultura e inspirar outros projetos semelhantes pelo mundo”, afirmou o governador.
Mais de 250 aldeias envolvidas
A diretora-geral do Instituto Tukàn, Fabiana Guajajara, ressaltou a importância e o alcance do projeto, que envolverá mais de 253 aldeias e 14 mil indígenas, em uma área de mais de 413 mil hectares.
“É um projeto ambicioso, mas viável. O diagnóstico mostra que 92% do território permanece intacto. Essa universidade vai fortalecer a proteção da floresta e promover a autossustentabilidade”, explicou.
Educação e valorização cultural
O novo modelo educacional integrará bioeconomia, ciência, formação ambiental e valorização das tradições. O território, que já conta com guardiões da floresta e viveiristas indígenas, ganhará um espaço permanente de ensino e pesquisa voltado à defesa da Amazônia e ao desenvolvimento sustentável.
“A Universidade em Território Indígena vai potencializar o trabalho que já existe há décadas. No Maranhão, são 18 territórios e 12 povos, totalizando 57 mil indígenas — um verdadeiro acervo de conhecimento que o mundo precisa conhecer”, completou Fabiana Guajajara.
Um marco histórico
O projeto é liderado pelo Centro de Saberes Tentehar Tukàn, associação civil sem fins lucrativos que atua na promoção da educação, cultura e assistência social em comunidades indígenas. Segundo o IBGE (2022), o Maranhão abriga a maior população indígena do Nordeste, com presença em 210 municípios.
Mais do que uma instituição de ensino, a universidade representa um marco político, educacional e ambiental, simbolizando o protagonismo dos povos indígenas maranhenses na construção de um futuro sustentável e plural.
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