Maranhão

Vídeo: objeto luminoso corta o céu do Maranhão e intriga moradores

Moradores de várias cidades registraram o clarão e compartilharam vídeos nas redes sociais; especialistas explicam o fenômeno.

Imirante, com informações do g1

Atualizada em 03/06/2025 às 12h49

MARANHÃO - Um objeto luminoso cruzou o céu na noite dessa segunda-feira (2), chamando a atenção de moradores em diversas cidades do Maranhão. O fenômeno, que surpreendeu quem estava ao ar livre, gerou especulações sobre o que poderia ser — desde asteroides até objetos não identificados.

O clarão foi registrado em várias cidades do Norte do estado, incluindo Coelho Neto, Anapurus, Santo Amaro, Barreirinhas, São José de Ribamar, Brejo, Buriti, Chapadinha e Vargem Grande. Impressionados, muitos moradores gravaram vídeos e compartilharam nas redes sociais (veja acima).

“Eu vi e outras quatro pessoas também presenciaram, além dos turistas e moradores locais”, relatou o dono de uma agência de marketing que testemunhou a cena na região dos Lençóis Maranhenses.

Segundo Fernando Moucherek, coordenador do Observatório Astronômico da UEMA, o clarão visto no Maranhão foi causado por lixo espacial da empresa americana Starlink — e não foi a primeira vez, nem será a última.

“A SpaceX está lançando centenas de foguetes só em 2024 — cada um com cerca de 50 ou 60 satélites. Isso significa, no mínimo, 7.250 novos objetos em órbita neste ano, e a conta pode ser ainda maior. A empresa sozinha responde por mais da metade de todos os lançamentos no mundo.”

Para Moucherek, esse excesso de satélites e a falta de regras claras sobre o lixo espacial tornam cada vez mais comuns fenômenos como o que aconteceu no Maranhão — e que devem continuar acontecendo.

“Estamos vendo o resultado de uma corrida espacial cada vez mais intensa, que afeta tanto o céu que admiramos quanto o futuro da exploração espacial”, alerta.

Objeto luminoso corta o céu do Maranhão.

Afinal, o que é lixo espacial?

Fernando Moucherek explica que o lixo espacial inclui peças de foguetes, satélites desativados, fragmentos de colisões e até mesmo ferramentas perdidas por astronautas. É um problema que cresce a cada ano, com empresas como a SpaceX lançando centenas de satélites anualmente. Só em 2024, a SpaceX realizou uma média de centenas de lançamentos, cada um levando entre 50 e 60 satélites Starlink — ou seja, no mínimo, 7.250 satélites foram colocados em órbita neste ano. A empresa representa cerca de 55% do total global de lançamentos. A China ocupa o segundo lugar, com 68 lançamentos, seguida por Rússia (17), Japão (5), Índia (5), Irã (4) e França (3).

Com tantas empresas enviando objetos ao espaço de forma ainda pouco regulada, a tendência é recebermos cada vez mais notícias e vídeos de reentradas de lixo espacial — como ocorreu recentemente no Maranhão.

É perigoso?

Segundo Fernando Moucherek, embora impactante, o lixo espacial queima na atmosfera e geralmente se desintegra antes de atingir o solo, oferecendo risco mínimo para as pessoas em terra. Entretanto, em casos raros, fragmentos maiores podem chegar a áreas urbanas, embora a probabilidade de atingir alguém seja extremamente baixa. Ainda assim, o lixo espacial pode ter outras consequências negativas, como danos a satélites em funcionamento e riscos para missões tripuladas.

Como diferenciar de um meteoro?

Visualmente, a diferença principal entre a queda de um meteoro e a de lixo espacial está na velocidade e na luminosidade. Enquanto um meteoro é rápido e deixa um rastro brilhante e curto, o lixo espacial costuma ser mais lento e menos luminoso, já que se fragmenta aos poucos durante a reentrada.

O coordenador do Observatório Astronômico da UEMA explica que quedas de lixo espacial são fenômenos relativamente comuns, já que a maioria dos objetos em órbita acaba reentrando na atmosfera com o tempo. A região dos Lençóis Maranhenses — incluindo cidades como Santo Amaro e Barreirinhas — é especialmente propícia para observações de céu limpo, o que facilita registros de fenômenos como este.

Com o crescente número de satélites em órbita, é esperado que eventos como esse ocorram com mais frequência. Existem sites de agências espaciais que monitoram e divulgam dados sobre essas reentradas, ajudando a entender e antecipar esses acontecimentos.

 

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