Maranhão

PF prende quadrilha em São João do Paraíso

O prefeito de São João do Paraíso, Raimundo Galdino Leite, o “Boca Quente”, está foragido.

João Rodrigues/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h38

IMPERATRIZ — A Operação Usura, desencadeada nesta quarta-feira (11) pela Polícia Federal, em parceria com a Controladoria Geral da União e Ministério Público Estadual, cumpriu seis mandados de prisão temporárias (cinco dias) e 21 mandados de busca e apreensão no município de São João do Paraíso, a 148 km de Imperatriz, na Região Sul do Estado, e a . Ainda faltam serem cumpridos dois mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão.

Dentre os presos, segundo a Polícia Federal, está o engenheiro civil Roberto Alencar, atual secretário de Infraestrutura do município de Imperatriz, que foi preso na condição de representante de uma construtora que prestava serviços para a Prefeitura de São João do Paraíso entre 2005 e 2009.

Também foram presos o ex-vice-prefeito de São João do Paraiso, José Alves Ribeiro, o atual vice-prefeito, Itamar Gomes de Aguiar, a ex-secretária de Educação, Rosa Rocha, e o ex-secretário de Administração, que não teve o nome revelado. Este último foi detido, ouvido e liberado.

O prefeito do município, Raimundo Galdino Leite, o “Boca Quente”, e ainda Josival Cavalcante da Silva, um agiota, também tiveram suas prisões decretadas, mas estão foragidos.

A operação é resultado de investigações para apurar desvio de recursos públicos nas áreas da saúde, educação e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) referente ao período de 2005 a 2009 que também foram estendidas até 2012. De forma específica, esse trabalho teve início a partir dos desdobramentos da Operação Rapina III.

O delegado que comanda a operação, Pedro Roberto Meireles, explicou que no período de dois anos da investigação ficou constatado o desvio de R$ 5,5 milhões (5 milhões e 570 mil reais) por meio de um esquema até então inusitado que tinha a participação de um agiota.

“A gente sempre trabalhou numa linha e a gente acabou descobrindo outras coisas com a ajuda do Ministério Público Estadual e da CGU. A gente conseguiu descobrir um financiador da prefeitura. O motivo dessa verba ser desviada é que seria um agiota que adiantaria os recursos ao prefeito para ser descontado durante o mandato” disse o delegado.

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O chefe da CGU, Roberto César Viegas, disse que a descoberta de desvio de recursos e mandados de prisão para o prefeito Raimundo Galdino e demais pessoas ligadas à administração não é novidade no trabalho da instituição que teria contribuído para a prisão de 24 prefeitos no Estado este ano. No entanto, ele ressaltou que a ação em São João do Paraíso serve para atualizar os dados sobre esse tipo de crime.

Ele ressaltou quando os auditores da CGU chegaram a São João do Paraíso em 2009 para fazer uma fiscalização de rotina após o município ter sido sorteado pela instituição. Na época, encontraram a população promovendo protestos contra a administração municipal que estava com o pagamento de salários dos servidores em atraso em função justamente dos desvios de recursos.

Secretário de Infraestrutura

O procurador-geral do Município, Gilson Ramalho, e o ouvidor-geral do Município, Daniel Souza, procuraram a imprensa para falar sobre a prisão de Roberto Alencar. Gilson, o primeiro a se manifestar, ainda na porta da delegacia da PF, explicou que a prisão de Roberto Alencar se deu por investigações realizadas em São João do Paraíso sem qualquer ligação com o cargo exercido em Imperatriz.

Ele também afirmou que o prefeito Sebastião Madeira mantém toda a confiança em Alencar. “O prefeito Sebastião Madeira tem inteira confiança em seu secretário, haja vista que em razão do cargo que ele ocupa em Imperatriz não pesar nenhuma acusação. Digo a população de Imperatriz mais uma vez que esse fato é decorrente de um trabalho realizado no município de São João do Paraíso e todo o governo municipal confia na integridade do doutor Roberto Alencar”, frisou Gilson Ramalho.

Roberto Alencar é o segundo integrante do governo do prefeito Sebastião Madeira a ter um mandado de prisão expedido pela Justiça e cumprido pela Polícia Federal em um período de três anos. O primeiro foi o então secretário de Administração, Lula Almeida, que teve em seu desfavor um mando de prisão temporária, mas não chegou a ser preso graças a um habeas corpus. Na época, ele acabou sendo exonerado do cargo em menos de 24 horas após a prisão. Já Roberto Alencar foi preso na condição de responsável por uma construtora que executou contratos com a prefeitura de São João do Paraíso.

Alencar foi preso em casa, em Imperatriz, no inicio da manhã e levado para a Delegacia da PF onde se juntou aos demais presos e prestou depoimento cujo teor não foi revelado.

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