CAXIAS - A falta de chuvas no mês de fevereiro está deixando muitos agricultores caxienses preocupados. Já há aqueles que consideram o plantio perdido. Em um dos bairros periféricos da cidade, onde acontece o cultivo de roças, José Rodrigues de Almeida, 46 anos, disse que o milho que plantou no fim do ano passado não desenvolveu. Sem a roça, ele está buscando uma alternativa para garantir a renda da família.
"O milho faz pena e dó. Está pequeno demais e não sei o que vamos fazer com ele, porque não dá pra vender. Tem espiga que nem dente deu por causa da falta d’água. A gente tem procurado fazer carvão e vender as castanhas assadas para ver se dá pra se manter até aparecer alguma outra coisa", declarou o cultivador. Para o agricultor Domingos de Oliveira, da localidade Lâmego, o maior prejuízo financeiro causado pela ausência de chuvas é a impossibilidade de manter em dia o pagamento das prestações do empréstimo que fez junto ao Pronaf. "A gente tira o dinheiro no banco para investir, mas depois vê que não tem retorno nenhum porque sem chuva como é que a gente vai fazer pra molhar a roça inteira? É prejuízo certo", indignou-se Domingos de Oliveira. Sem investimentos em irrigação, diversos agricultores estão sendo penalizados pelas altas temperaturas. Muitos deles aproveitaram o início da estação chuvosa para fazer o plantio e, como as chuvas são cada vez mais porádicas, boa parte já contabiliza prejuízos na lavoura.
Inovação- Para não passar pelo mesmo sufoco, Adeodato dos Santos, que lida com a roça há mais de 32 anos, inovou no cultivo. Ele comprou diversas mangueiras, fez pequenos buracos e irriga com água das torneiras a cada dois dias o plantio de arroz e feijão que cultiva no povoado Alto Alegre. Ele diz que gastou um pouco mais além do adubo e do inseticida usuais, mas garante que não terá grandes prejuízos por causa da implantação do sistema de irrigação alternativo.
"Quando vi que a chuva não vinha comprei umas 10 mangueiras para molhar a plantação e todo o dia eu mudo de lugar. Por enquanto está tudo bem. Apesar do calor e do sol forte, vai dar pra salvar muita coisa", garantiu ele. Alternativas para não perder a roça pela falta de chuvas é o que tem buscado o agricultor José Anísio da Silva. Ele até tem incentivado o filho mais velho, José Anísio da Silva Filho, de 16 anos, a pesquisar sobre o assunto na internet. "O que seria mais sensato é ter um poço artesiano, mas estamos sem dinheiro e com dívidas para pagar. Vamos fazer uma cacimba que ele viu na internet para tentar capturar a água da chuva, isso quando chover. Vamos ver se dá certo porque por enquanto só Deus pode ajudar a gente", comentou.
E é pela ajuda divina que o agricultor Miramar Batista está contando para fazer o plantio. Ele disse que já preparou a terra, mas só vai jogar as sementes se as chuvas acontecerem com força total. Por enquanto ele e a família vivem do plantio das hortaliças. Para ele, o custo de investimento é menor. "Eu só fiz preparar a terra, mas plantar mesmo só se tiver chuva. Não dá para pagar caro por uma conta d’água. Fora que a água só vem quando quer", justificou o agricultor.
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