SÃO LUÍS - Dez anos. Esse foi o tempo de trabalho necessário para que a cirurgiã-dentista Waneska Cavalcante pudesse identificar um grande aumento da prevalência de crianças menores de 06 anos com cárie em Alcântara, a 53 Km de São Luís. Após uma década de trabalho no município, a pesquisadora iniciou, em fevereiro de 2008, um estudo para investigar os grupos de maior risco da doença e as necessidades de tratamento.
O estudo da Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFMA tem como objetivo relacionar a cárie com o estado nutricional e características socioeconômicas e demográficas dessas crianças moradoras da zona urbana de Alcântara. Segundo Waneska Cavalcante, das 382 crianças analisadas, 152 já tiveram os dados processados, sendo que, destas, 64% apresentaram algum tipo de alteração na saúde bucal e apenas 15,1% já haviam realizado consulta odontológica. “Em relação ao número de dentes cariados e extraídos, as crianças entre três e cinco anos apresentaram um índice alto, em uma escala de baixo, médio e alto”, afirma a pesquisadora.
Depois da análise feita pela cirurgiã-dentista no Hospital Municipal de Alcântara, todas as crianças receberam kits de higiene bucal. Nas crianças em que foi identificada a existência de cárie, houve a aplicação de flúor e elas foram encaminhadas à nutricionista Nayra Teixeira. A consulta foi realizada para saber dos pais o que a criança consumiu nas últimas 24 horas, considerando porções, quantidade, medidas caseiras e os ingredientes. “Fizemos essa consulta para descrever os hábitos regionais e o preparo da refeição. Isso nos ajuda a verificar se a ocorrência de cárie está relacionada com os hábitos alimentares das crianças”, explica a nutricionista.
De acordo com Nayra Teixeira, além de coletar medidas antropométricas (idade, sexo, peso, estatura, dobra cutânea e circunferência encefálica e torácica), após as crianças serem avaliadas, é respondido o Questionário de Frequência Alimentar (QFA) para levantar dados qualitativos sobre a alimentação (carboidrato, proteína e gordura). “A maioria dos questionários mostra que a alimentação deles é rica em açúcares, o que colabora na formação da cárie”, diz a nutricionista.
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