Encontro acertará os investimentos em Alcântara

Bruna Castelo Branco/O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h18

SÃO LUÍS - Uma comissão da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) virá ao Maranhão no início do mês de maio para uma reunião com a governadora Roseana Sarney (PMDB) sobre os investimentos e obras no município de Alcântara para dar a infra-estrutura necessária a fim de atender ao funcionamento da empresa. O encontro acontecerá após o dia 4 de maio, data em que o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva fará uma audiência com representantes dos ministérios da Ciência e Tecnologia, Trabalho, Meio Ambiente, entre outros que estão ligados ao projeto. A intenção de Lula é definir as prioridades do projeto que simboliza a expansão do Programa Espacial Brasileiro. Segundo o estatuto estabelecido na parceria do Brasil com a Ucrânia, a empresa deverá realizar o primeiro lançamento no próximo ano.

A prioridade da conversa com a governadora Roseana Sarney será sobre a recuperação da MA-106, no trecho próximo a Alcântara, que está quase intrafegável. No mês de março, a Cyclone Space garantiu com o Ministério de Ciência e Tecnologia cerca de R$ 30 milhões para a recuperação da estrada. O recurso foi repassado para o Governo do Estado, na época ainda administrado por Jackson Lago (PDT). “Acreditamos que tudo que foi acertado será mantido, mas iremos ouvir e perceber as possibilidades de ampliar essa parceria”, explicou o diretor da parte brasileira da Alcântara Cyclone Space, Roberto Amaral, em entrevista por telefone a O Estado.

Além da recuperação da MA-106, a implantação da empresa que funcionará na área do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) vai transformar direta e indiretamente a realidade social e econômica do município. Mesmo com as atividades práticas previstas apenas para o próximo ano, como o vôo de qualificação do foguete ucraniano Cyclone-4 e, em 2011, a exploração comercialmente dos sítio de lançamentos, as mudanças na economia de Alcântara estão acontecendo em curto prazo.

Um dos primeiros benefícios será percebido, em breve, na comunidade quilombola de Baracatatiua. Em março, a ACS firmou convênio com o Ministério de Minas e Energia para a instalação de energia elétrica na comunidade. “Essa instalação é quase imediata. Dentro dos próximos dias esse processo deverá ser concluído. O importante é ressaltar que a empresa não está fazendo um favor para a população e, sim, firmando parcerias e convênios para investimentos necessários para a população e para a empresa”, frisou Amaral.

Qualificação

Com o início das obras da empresa previsto para o mês de julho, após o fim do período chuvoso, uma das prioridades será a contratação da mão-de-obra local para os serviços de construção. Para qualificar os moradores da região, foi firmado um convênio com o Ministério do Trabalho para beneficiar a população com a execução de programas de qualificação profissional. A solicitação da ACS foi feita em maio do ano passado e tem como objetivo realizar cursos de pedreiros, marceneiros, encanadores entre outras funções que podem ser aproveitadas durante a construção do sítio de lançamento.

Na primeira etapa do programa, serão qualificados cerca de 100 aprendizes. Esse convênio deverá contar com a parceria do Sindicato dos Trabalhadores e Prefeitura de Alcântara. “A parceria com o sindicato e com a Prefeitura está ligada à logística do trabalho. Quanto à qualificação, vamos começar com 100 pessoas, mas é possível que aumente esses número de acordo com a demanda”, adiantou o diretor da ACS, Roberto Amaral.

Além da parceria com o Ministério do Trabalho, no início deste mês, a binacional garantiu com o Ministério da Ciência e Tecnologia outras atividades para a inclusão social em ações ligadas à capacitação para a pesca, ensino médio, alfabetização de adultos e cursos profissionalizantes. “Nossa idéia no Maranhão é fazer a integração entre o Governo Federal e Estadual para o crescimento do município. Atualmente, estamos acionando o Programa Bolsa Família para o recadastramento das famílias em Alcântara e estamos contando com a participação importante do governo estadual”, declara Amaral.

Com os investimentos, estima-se o aumento de R$ 14 milhões para o Produto Interno Bruto (PIB), que hoje circula na ordem de R$ 44 milhões. A proposta é que essa mudança aconteça com a participação da comunidade, parceria que começou ativamente desde o mês de março, desde que técnicos da empresa começaram a realizar levantamentos socioambientais nas comunidades de Brito, Mamuna e Baracatatiua, circunvizinhas à área que será ocupada pela Cyclone Space. Na próxima semana, a partir do dia 27, representantes da empresa, da Agência Espacial Brasileira e dos ministérios envolvidos no convênio deverão reunir-se com as comunidades para ouvir as reivindicações e sugestões para os trabalhos que estão sendo realizados. “A parceria com a comunidade é de fundamental importância e nós queremos ouvi-los, pois eles são os principais interessados para que esse projeto seja bem-sucedido”, completa Amaral.

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