Maranhão

Cutrim: 'segurança chegou ao fundo do poço'

Imirante e Rádio AM

Atualizada em 27/03/2022 às 13h23

SÃO LUÍS - O deputado estadual, Raimundo Cutrim, afirmou, na manhã de hoje (15), em entrevista à Rádio Mirante AM, que o sistema de segurança pública do Maranhão chegou “ao fundo do poço”. Para o deputado, que foi secretário de segurança, entre 1997 e 2006, o sistema está fragilizado graças ao governador Jackson Lago, que trata a polícia como uma instituição política, e à secretária Eurídice Vidigal, que não tem preparo técnico para ocupar o cargo que ocupa.

O deputado explicou que a criminalidade está tomando conta do Estado, porque os bandidos já perceberam que a segurança pública está sem comando.

- Nossa situação é difícil. Aos finais de semana são registrados de 8 a 10 homicídios. Então, no ano de 2009 estamos com uns 20 homicídios. Realmente é um índice muito alto. Isso só em São Luís, porque no Estado já se perdeu até a conta. As pessoas envolvidas com ilicitudes perderam o respeito das autoridades. Então, quando os bandidos sentem que a cabeça do sistema está fragilizada, ocorre o que está ocorrendo – afirmou.

Raimundo Cutrim condenou a atitude do governador Jackson Lago de atrelar a polícia com a política partidária. O deputado deu a entender que o corpo administrativo da polícia do Maranhão foi formado através de acordos políticos.

- No Governo Jackson Lago, vimos o envolvimento da polícia com a política partidária. Isso é nocivo à sociedade. Eu como político, sou contra. A Polícia, o Ministério Público, o Poder Judiciário são instituições permanentes que tem que ter uma linha independente da política. A polícia do Maranhão não é do governador Jackson, ela é do povo. A polícia não tem partido. A polícia está ali para prestar um serviço de qualidade à sociedade de um modo geral e para buscar sempre a aplicação da lei, independentemente, de atividade política partidária. Quando saímos, a polícia voltou a se atrelar à política – observou.

Cutrim criticou, duramente, a gestão de Eurídice Vidigal. Para o deputado, a secretária de segurança não conhece a fundo os problemas do Estado e não ostenta a capacitação necessária para ocupar cargo tão importante.

- A secretária (Eurídice Vidigal) não conseguiu ainda demonstrar a que veio a São Luís. Primeiro, ela não conhece São Luís. Segundo, ela não é técnica dessa área. A situação foi desmoronando e chegamos “ao fundo poço”. A situação hoje é critica. A secretaria perdeu o comando do sistema – disparou.

O deputado fez questão de lembrar que a responsabilidade pela crise não é apenas de Eurídice Vidigal. Cutrim ressaltou que o governador Jackson Lago tem sido um empecilho no trabalho da secretária, pois insiste em indicar “nomes” para a Secretaria de Segurança, tirando a autonomia de Eurídice.

- O secretário tem que indicar com quem ele quer trabalhar, mas hoje o governo é quem indica. Logo, o secretário fica fragilizado. Na minha época, nenhum subordinado meu ia falar com o governador, nem com minha autorização, porque não podemos aceitar que um subordinado passe por cima do secretário e vá despachar com o governador. Isso fragiliza a figura do secretário – avaliou.

Ao final da entrevista, Raimundo Cutrim definiu como “preocupante” a situação da segurança pública no interior do Estado. Para o deputado, a fragilidade do sistema causa um “efeito dominó”, prejudicando o serviço de outras instituições públicas, como o Poder Judiciário.

- O Poder Judiciário para que possa fazer cumprir sua decisão ele tem que ter o braço da segurança. Para que a decisão possa ser cumprida, temos que ter o apoio do sistema de segurança para dar cumprimento àquela decisão. Se o juiz manda e o sistema está fragilizado, fica difícil. Acho prematuro responsabilizar A, B ou C no caso de Santa Luzia, porque existem as lideranças locais. Logo, na hora que o primeiro jogou uma pedra, vai todo mundo. No interior, a eleição de prefeito é pela paixão. O sistema de segurança devia estar presente para evitar e prevenir fatos dessa natureza. O que o sistema deveria ter feito era estar com um efetivo e fazer um trabalho preventivo – finalizou.

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