SÃO LUÍS - Duas mortes, 15 pessoas feridas, um hospital inteiro destruído, cinco viaturas da polícia e uma ambulância incendiadas. Este foi o saldo do vandalismo ocorrido no município de Zé Doca (a 318 km de São Luís), na noite de terça-feira. Ontem, a cidade parecia o cenário de uma guerra civil. A revolta popular foi ocasionada pela morte do técnico agrícola João da Cruz Costa, de 50 anos, baleado pelo policial rodoviário federal Fernando Vieira Soares, durante uma blitz na BR-316, entre Zé Doca e o município de Pedro do Rosário, onde a vitima morava.
O corpo de João da Cruz Costa, que exercera o mandato de vereador em Pedro do Rosário, foi sepultado ontem, 29, no município de Pinheiro, na Baixada Maranhense, onde reside a sua família. Além de João da Cruz Costa, morreu, também, Francisco da Silva Julião, de 21 anos, que morava na rua Coroatá, bairro São Francisco, em Zé Doca.
Julião foi baleado nas costas durante o confronto entre os vândalos e a Polícia Militar. Ele era filho de Maria dos Anjos Julião de Sousa, auxiliar de enfermagem da Unidade Mista de Saúde destruída. Os seus familiares afirmam que o jovem não estava entre os manifestantes.
Ontem, a polícia ainda tentava localizar os envolvidos no vandalismo. A investigação é chefiada pelos delegados Luís Cláudio Balby, titular da Regional de Zé Doca, e Joviano Furtado, superintendente de Polícia Civil do Interior. Eles coletam provas a partir de uma gravação feita por uma emissora de televisão local, além de testemunhos e depoimentos dos suspeitos.
Furtado preferiu não divulgar a lista com os nomes dos envolvidos presos. Segundo a versão da polícia, João da Cruz Costa foi baleado pelo policial rodoviário depois de tentar “furar” uma barreira montada próximo ao município. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o ex-vereador estava sem capacete e teria atirado contra os patrulheiros.
VANDALISMO
Durante a revolta, os manifestantes destruíram os setores de emergência, ambulatórios e laboratórios da Unidade Mista de Saúde, além de equipamentos, móveis, televisores, bebedouros, telefones, vidraças e luminárias. Os vândalos invadiram o hospital em busca do policial rodoviário, que havia prestado assistência a João da Cruz Sousa, o qual chegou à casa de saúde ainda vivo.
Os agressores não conseguiram invadir a pediatria e a internação, na quais havia crianças em tratamento. Sobrevivente do ataque, Raimunda do Nascimento Machado, de 45 anos, aguardava ontem no hospital a transferência para outra unidade de saúde. Ela acompanhava a filha, Francisca Machado, de apenas 2 anos, em tratamento de pneumonia.
“Os funcionários do hospital trancaram tudo e a gente só ouviu o barulho das pedras e dos tiros”, disse Raimunda Machado, acrescentando: “Foi um horror”. “A gente teve muito medo”, resumiu Ja-queline Chaves Costa, de 20 anos, mãe do pequeno Marcos Ryan, de 2 anos e seis meses, ao lado de sua avó, Antônia Pereira Santos Costa. Elas também aguardavam uma transferência de hospital.
Segundo Zaqueu Serra, assessor de Comunicação da Prefeitura de Zé Doca, como a Unidade Mista de Saúde não tinha mais condição de funcionamento, uma clínica particular da cidade será contratada para receber os pacientes, mas parte deles vai ser encaminhada para a rede pública de São Luís.
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