Prefeitura

Deputados impedem auditoria do TCE em Caxias

O Estado do Maranhão.

Atualizada em 27/03/2022 às 13h39

SÃO LUÍS - A Assembléia Legislativa rejeitou ontem Requerimento da bancada de oposição que pedia auditoria do Tribunal de Contas do Estado no contrato de compra e venda de um hospital, celebrado entre a Prefeitura de Caxias e o Governo do Estado, em 2002. Em seguida, a deputada Cleide Coutinho (PSDB), mulher do prefeito caxiense Humberto Coutinho (PDT), foi à tribuna para convidar os colegas a irem ao município visitar as obras municipais. A decisão da Assembléia e a atitude da parlamentar foram criticadas pelo líder oposicionista, Ricardo Murad (PMDB).

“Se a senhora quisesse mesmo que a denúncia do Fantástico fosse desmentida, teria pedido aos seus colegas governistas para aprovar a investigação do TCE. O que se viu aqui hoje, apresentada pela senhora, foi apenas a versão dos marqueteiros de Caxias”, disse Ricardo Murad, referindo-se ao vídeo exibido por Cleide Coutinho, com obras e serviços supostamente realizados pelo prefeito Humberto Coutinho.

Conforme denunciaram O Estado e o programa Fantástico, da Rede Globo, o Hospital e Maternidade de Caxias, de propriedade da família Coutinho, foi vendido ao estado por R$ 4 milhões, no governo José Reinaldo Tavares. Seis anos depois, o prédio está abandonado e sucateado e os equipamentos foram destruídos ou extraviados. Há suspeita de que um tomógrafo tenha sido levado para outro hospital, também dos Coutinho. A deputada negou e disse que o equipamento “está onde sempre esteve”, sem dizer que local seria este.

Em seu discurso, a deputada tucana – que havia passado toda a semana passada ausente da Assembléia – citou nominalmente cada um dos membros da bancada governista, como se os intimasse a sair em defesa do marido. E admitiu: “Caxias já viveu momentos piores”. Ela surpreendeu os parlamentares ao exibir um vídeo, que tinha a pretensão de se contrapor à reportagem do Fantástico, mas apenas se prendeu a anunciar obras do prefeito e um ato público em desagravo a Humberto Coutinho, realizado na semana em que o contrato de venda do hospital foi denunciado.

Corroboraram o discurso de Cleide Coutinho os deputados Stênio Rezende (PSDB), Penaldon Moreira (PSC) e Arnaldo Melo (PSDB). Para Rezende, “não foi nenhuma surpresa o que a deputada exibiu aqui sobre o colega Humberto Coutinho”. Segundo o parlamentar, o prefeito de Caxias tem dado exemplos de gestão, “reconhecido pelos vários ministérios federais”. Penaldon Moreira voltou a criticar o uso de vídeos durantes as sessões e pediu que a Casa regulamentasse a questão. Arnaldo Melo fez o mesmo discurso da semana passada, reconhecendo o trabalho da família Coutinho na região de Caxias.

A oposição precisou de apenas cinco minutos para desmontar o discurso de Cleide Coutinho, elaborado por assessores e lido por ela da tribuna da Assembléia. “O que temos agora é uma matéria do Fantástico, investigativa, apurada, e a versão dos marqueteiros de Caxias. Não há como comparar”, disse Ricardo Murad, para quem a Casa e o próprio prefeito Humberto Coutinho “perderam uma bela oportunidade de esclarecer tudo com a auditoria do TCE”.

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