Meio ambiente

Rio Itapecuru agoniza em Codó

Acélio Trindade, para o Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h41

CODÓ - O maior e mais importante rio do Maranhão tem aproximadamente 1.500 kms, percorre o correspondente à 16% de nossas terras, abastece 75% da capital do Estado, São Luís, passa por cerca de 45 cidades do interior e deságua na baía de São José, golfo maranhense. Apesar de tamanha importância, é um sofredor em diversos municípios por ele banhados. Codó, um dos 10 que ficam às margens do Itapecurú, neste caso, não é exceção.

Esgoto na cidade

A imagem do esgoto sem qualquer tratamento que jorra em seu leito o dia inteiro no bairro Santo Antonio, próximo à ponte da trizidela, entristece. Soma-se à isso a extração de areia manual ou por meio de dragas, a sangria do matadouro público e o concreto armado que substituiu sua mata ciliar no que foi anunciado como “prainha”.

Os moradores da cidade não o poupam. Os pontos da margem mais visitados são sempre os que exalam maior mau cheiro. “A gente encosta mesmo porque é o jeito. Tem carniça, sujeira, tudo enquanto este pessoal joga aqui dentro”, reclamou a dona-de-casa, Maria de Jesus Alves.

O lavrador, José Ribamar de Sousa, mora no povoado Gameleira. Utiliza o rio para se locomover e vender a produção da roça em balsas improvisadas de talo há mais de 16 anos. É outro que diz ver de tudo, com muita tristeza, descendo nas águas que o ajudam a sobreviver. “Tudo eles jogam neste rio, coisa ruim. Eu fico triste quando eu vejo, mas eu preciso dele direto”, disse.

Vazantes na zona rural

A ação humana degradante existe na zona urbana e na rural de Codó. O que muda é apenas a forma de maltratar o Itapecurú. Na área rural, a mata ciliar está devastada. Perdeu espaço para as vazantes. Em livramento, o lavrador Dilmo Costa da Silva, mostra uma extensão de quase 2 kms onde ele e outros agricultores cultivam verduras e legumes. Como é época de cheia do rio, atualmente aguardam o baixar das águas para recomeçar o plantio.

Conta que já fizeram reunião com os lavradores do lugarejo margeado pelo rio onde foi dada orientação para se acabar com as vazantes. “Falaram que a gente não podia trabalhar aqui na beira do rio, aí ficamos pensando – agora ficou difícil porque a gente trabalha aqui e do quê que nós vamos viver? Vamos continuar, se não tiver outro lugar para nós trabalharmos. Vamos voltar para o mesmo lugar e plantar tudo de novo, quiabo, maxixe, vinagreira”, afirmou Dilmo da Silva.

O diretor do departamento de Meio Ambiente, Augusto Serra, entende que algumas mudanças têm acontecido, dado ao trabalho de conscientização desenvolvido no município. “Primeiramente tem sido feito uma conscientização, o departamento tem ido às comunidades, sobretudo, as ribeirinhas conversar, explicar pra eles da importância da preservação do rio. A gente tem percebido que tem melhorado significativamente. A população tem um grau de consciência maior embora haja aqueles que ainda insistem em ir de encontro ao que prevê a legislação ambiental” disse o diretor.

Iniciativa privada

Augusto Serra também falou sobre a participação da iniciativa privada, que, segundo ele, está despertando para a questão ambiental. “O que há de mais importante nesse momento é a iniciativa tomada pela iniciativa privada onde empreendimentos começam a perceber a importância deles estarem participando dessa preservação”, explicou mostrando cartazes anunciando a revitalização de nascentes, cujo trabalho será desenvolvido pela Associação de Proteção ao Meio Ambiente e ao Ecoturismo com o apoio do grupo FC Oliveira.

“E tem a ASA que em parceria com a AMAVIDA, é um projeto a nível de estado, que também já tem dois projetos para revitalização de nascestes, que é o projeto olho d’água. Então tudo isso nos faz crer que já há uma consciência maior por parte da população e que os resultados irão surgir em breve dando assim uma nova dimensão nessa questão da preservação do rio”, finalizou.

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