SÃO LUÍS - Contrariando a expectativa da população e as previsões mais otimistas de que os casos de dengue estão sob controle, o Ministério da Saúde (MS) e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) prevêem continuidade de epidemia de dengue no Maranhão em 2008. Coordenadores de endemias no estado criticaram ainda a ineficácia de ações de combate à doença, como, por exemplo, as propagandas educativas.
Ontem pela manhã, durante a abertura do evento “Diagnóstico e Manejo Clínico do Paciente com Dengue”, realizado pelo MS e pela SES e que se estende até o dia 7 deste mês, no Hotel Brisa Mar, em São Luís, os coordenadores de combate a endemias no Maranhão afirmaram que a previsão é de epidemia no estado nas mesmas proporções de anos anteriores.
“De acordo com gráfico da SES, haverá pelo menos dois picos de dengue ano que vem no Ma-ranhão. Esses picos irão coincidir com os períodos de chuva no estado”, disse Henrique Jorge dos Santos, superintendente da Vigilância Epidemiológica do Estado do Maranhão.
Preocupado com o crescente número de casos, o superintendente também criticou a falta de participação da sociedade no combate à dengue e questionou, principalmente, a ineficácia das propagandas educativas e ações de combate à dengue, que não conseguem deter o avanço da doença.
“A única forma de deter o avanço da doença é impedir a proliferação do mosquito, mas os números demonstram a ineficiência dessa forma de combate”, disse Henrique dos Santos. Sobre os números, ele revelou que este ano foram notificados quase 15 mil novos casos de janeiro a setembro, sendo que em 2006, neste mesmo período, ocorreram seis mil novas infecções. “Este ano, o número de novos casos quase triplicou em relação ao ano passado”, disse.
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Hemorrágica
Durante o evento, que reuniu pediatras, clínicos-gerais e infectologistas da região Norte e Nordeste do país, também foram discutidas formas de diagnóstico e tratamento da dengue para evitar óbitos causados pelo agravamento da doença. “A dengue hemorrágica, forma grave da dengue, levou 12 pessoas à morte este ano no Maranhão. Em 2006, foram registrados três óbitos”, disse o superintendente da Vigilância Epidemiológica.
Um dos palestrantes do evento, o médico Eric Martinez Torres, do Ministério da Saúde de Cuba, país onde a dengue já foi erradicada, explicou que no Maranhão e no restante do Brasil foi constatada a presença de três tipos do vírus da doença, o que tem provocado a ocorrência de novos casos de dengue hemorrágica. “O problema maior é se ocorrer o cruzamento entre dois tipos de vírus, pois o derivado dessa combinação será praticamente imbatível pelo organismo humano”, complementou.
De acordo com a coordenadora do evento, Suely Esashika, representante do Ministério da Saúde, já que há carências no trabalho de campo no combate à endemia, é fundamental que não haja falhas na etapa do tratamento de pacientes. “Muitas vezes, a dengue é confundida com outras viroses, o que dificulta as intervenções clínicas. Por isso, buscamos reunir profissionais para que eles narrem casos atípicos de pacientes para que haja, desse modo, uma troca de experiências”, afirmou.
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