Caos na saúde

Codó tem 603 povoados e apenas 5 postos de saúde

Para piorar a situação, eles dependem diretamente de caminhões paus-de-arara que fazem o transporte.

Acélio Trindade, para o Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h53

CODÓ - Quanto mais distante do centro urbano mora o cidadão, mais difícil é o acesso dele à atendimento de saúde em Codó. Quem mora na zona rural vive diariamente este problema. A causa é antiga, Codó possui 603 povoados. Em apenas cinco deles existem postos de saúde (Cajazeiras, Boa Vista do Procópio, Alegre, KM 17 e Barracão que ainda está em reforma).

Morando há cerca de 18 kms da cidade, a lavradora Luzia Pereira, sabe que ao adoecer não tem muita opção.”Só tem dois caminhos, ou vai pra cidade ou morre”, disse.

Dependência

Para piorar a situação, eles dependem diretamente de caminhões paus-de-arara que fazem o transporte de passageiros para a cidade e isso só acontece, geralmente, uma vez por dia. Como doença não tem hora, o lavrador Raimundo Daniel Oliveira quase perde o filho que sofreu derrame cerebral esperando ajuda.”Foi o dia todinho, saímos daqui era de noite e ele adoeceu pela manhã. Quando eu olhava imaginava que ele ia morrer porque não passava carro pra levar a gente. É muito difícil viver assim porque na hora que a gente precisa não tem transporte e não tem um posto perto”, falou indignado o lavrador.

Crianças sofrem

Crianças são prejudicadas com a falta de postos na zona rural. Maria Antonia confessa que as vacinas da sobrinha, de apenas dois meses, atrasa.”Atrasa, mas depois a gente arranja dinheiro e leva para Codó (cidade). Se tivesse posto aqui perto isso não aconteceria”, disse a jovem moradora de Tabocal, região da Trizidela.

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"SUS não contempla investimento", diz secretário

O secretário de saúde, José Marcolino Junior, explicou que o município não dispõe de recursos próprios para investir em construção e o SUS não contempla dinheiro para este fim.”O recurso que nós recebemos do Sistema Único de Saúde não contempla investimentos, só custeio que é pessoal e insumos, ou seja, medicamentos, material de consumo etc...e tal. Para se fazer investimento que seria construir, reformar unidades, adquirir equipamentos precisa-se de verbas especiais”, explicou o secretário.

Dessa forma, segundo José Marcolino, Codó fica a mercê de recursos que o Ministério disponibiliza apenas uma vez por ano ou de verbas conseguidas através de emendas parlamentares ao orçamento federal.”O que ocorre com Codó é que a prefeitura não dispõe, realmente, de recursos para que pudéssemos fazer estes investimentos na área da saúde”, afirmou.

R$ 526.000,00 disponíveis

Mas já existe planos para a construção de três novos postos de saúde, dois deles na zona rural.”O prefeito (Biné Figueiredo) está conseguindo recurso parlamentar da ordem de R$ 526.000,00 para, a partir de hoje, já está elaborando este projeto de investimento, que é verba parlamentar. E nós vamos propor ao prefeito que se construa três unidades aí na zona rural”, explicou o secretário adicionando à informação que uma dessas unidades será construída no bairro Codó Novo. As duas que sobram, serão construídas em povoados escolhidos pelo prefeito.

José Marcolino Junior falou que a Prefeitura também conseguirá o que é disponibilizado pelo Ministério da Saúde até o dia 31 de outubro.”Com este recurso a gente deve fazer aí um investimento em saúde em torno de R$ 400.000,00. Se pretende a aquisição de equipamentos como o ecocardiograma e outros equipamentos que caracterizam, realmente, investimentos”, encerrou José Marcolino.

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