Romeiros de Codó partem para Canindé

Acélio Trindade - para o Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h54

CODÓ - Partiu ontem de Codó a maior caravana de romeiros de São Francisco, que sai anualmente da região dos Cocais rumo a Canindé, no Ceará. Dentro de 13 caminhões, cada um com cerca de 130 pessoas, estavam histórias de fé e devoção perpetuadas de geração em geração.

A dona de casa Maria dos Remédios Passos, por exemplo, conta que recebeu da mãe, romeira, a missão de ir à Canindé todos os anos. A promessa já está sendo cumprida há treze anos e é intenção dela passar para a filha mais velha.”Eu to seguindo romaria da minha mãe, gostei e cada vez que eu vou lá renovo minha promessa. Vai passar pra minha filha, quando eu deixar de ir, ela vai” anunciou Maria dos Remédios.

Vários são os casos assim. Há oito anos o cabeleireiro Jardel Celso Araújo pediu a recuperação da saúde de sua mãe. Foi atendido e virou romeiro. O que pretende ser pelo resto da vida. ”Estou levando minha filha, minha mulher, a família toda para irem pegando gosto” afirmou entusiasmado com mais uma viagem.

Todos eles conseguem manter esta tradição religiosa com a ajuda de outro grande devoto de São Francisco em Codó. O empresário cearense, Francisco Carlos de Oliveira, o Chiquinho, iniciou o trabalho de oferecer transporte gratuito aos romeiros há 26 anos. Já chegou a enviar até 20 caminhões lotados de devotos do santo para Canindé, prestando lá toda uma assistência.

É a forma dele de também pagar sua promessa. ”A população do Maranhão sabe que eu sou cearense radicado em Codó e eu já vinha com essa romaria de meus avós. Chegando à Codó e sendo uma pessoa bem sucedida, uma pessoa recebida carinhosamente pelo povo codoense, eu transportei do Ceará, vamos dizer, para o Codó, para o Maranhão a minha fé” explicou a origem de seu ato solidário e de fé, o industrial.

Este ano, por orientação da Polícia Rodoviária Federal todos os caminhões tiveram encostos colocados nos bancos para a viagem. Para uma maior segurança, cada carreta teve seu número de passageiros reduzido de 150 para 130.”Eu posso dizer que talvez possa ser uma das maiores romarias do Brasil porque nós acabamos de embarcar quase 2.000 pessoas. Com isso nós vamos aumentando, cada vez mais esta fé em São Francisco para que estas pessoas possam chegar até Canindé e, assim, poder pagar suas promessas” ressaltou Francisco Carlos de Oliveira.

A despedida é sempre muito emocionante para quem vai e para quem fica. A dona de casa, Tereza de Jesus da Silva Sousa, não conteve as lágrimas ao ver a mãe partir para Canindé e justificou o choro.”É saudade porque eu sinto falta da minha mãe. Mas, mesmo assim, eu me sinto feliz porque é muito bonito essa caminhada dela, essa fé. Ela vai nessa romaria desde a primeira vez que seu Chiquinho botou o primeiro caminhão” disse emocionada dona Tereza.

O retorno dos romeiros está previsto para depois do dia 04 de outubro, quando serão recebidos com nova festa de recepção nas ruas de Codó.

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