SÃO LUÍS - Para o pediatra do Hospital Materno Infantil, Leônidas Braga Júnior, a aparente grande divergência entre os números divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus) e das internações de crianças da Ilha (44 – média de 11,3 por cidade) pode ser atribuída não a um erro de cálculo da Secretaria mas sim à falta de exames comprobatórios da doença, o que seria de responsabilidade do Laboratório Central do Estado (Lacen)/Instituto Osvaldo Cruz.
O médico afirmou que os exames sorológicos comprobatórios de dengue não estão sendo feitos pelo laboratório por falta de estrutura. Quando são feitos, o resultado demora até três meses para ser emitido. “Nesse ponto, o que pode ocorrer é que, alguns desses casos que hoje estão internados no Materno, serão comprovados daqui a um mês ou dois, dependendo da disponibilidade do Lacen”, observou Leônidas Braga.
Ele explicou que, para se comprovar o diagnóstico de dengue hemorrágica, o paciente precisa passar por vários exames, mas que o principal é o sorológico porque por meio dele há a indicação do vírus assim como o estado de avanço da doença no organismo. Esse exame somente pode ser feito entre o sexto e o 15º ou 16º dia de manifestação da doença. Além disso, para haver uma contra-prova do estado da doença, é necessária a realização de outros exames quando a pessoa deixa o hospital. A coleta é feita pelo hospital, mas nem sempre o resultado é disponibilizado na própria unidade.
“Nós temos que ‘fechar’ o caso, ou seja, diagnosticar, medicar e comprovar se foi ou não estado hemorrágico. O problema é que em muitos deles não temos a comprovação, de fato, se foi dengue hemorrágica. Muito embora, todas as características do paciente sejam de dengue hemorrágica. Os exames, na verdade, servem para comprovar um estado endêmico, já que não dependemos deles para prescrever a medicação. Na suspeita de caso de dengue hemorrágica, tomamos todas as providências contra esse estado. Até porque, os pacientes não podem esperar”, afirmou o pediatra, que completou: “Inclusive, sei de casos de pessoas que morreram de causas similares à dengue hemorrágica, mas não foram diagnósticadas como tal por falta de exames póstumos. Isso precisa ser feito até para maior controle das Secretarias de Saúde tanto do estado quanto do município”.
Crescimento
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A Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Saúde confirmou que houve crescimento na demanda de exames sorológicos nesse ano por conta dos casos de dengue no Maranhão como um todo, não somente em São Luís. A Assessoria alegou que há de fato uma demora pequena na entrega de exames sorológicos, mas ela não é tão grande assim como foi alegado pelo pediatra do Materno Infantil.
Além disso, um outro fator que tem colaborado para esse problema é a falta de kits laboratoriais, que são enviados pelo Ministério da Saúde. Somente semana passada, por exemplo, havia mil solicitações de exames no Lacen, que contava com apenas 500 kits, obrigando a Secretaria de Saúde a comprar novos para a realização de exames.
No que se refere aos exames póstumos, a Secretaria de Saúde alegou que eles não são realizados em São Luís e sim em Belém. Mas todas as amostras são tiradas e enviadas aos laboratórios responsáveis pelo diagnóstico quando há necessidade de isolamento viral.
Por conta da demanda, a Secretaria Estadual de Saúde tem recomendado que os municípios mandem somente o número de amostras necessárias para comprovações de fato dos casos de dengue nas respectivas regiões.
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