Soropositivos de Codó, inscritos no TFD, denunciam maus-tratos

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h25

CODÓ - Pacientes portadores do vírus HIV em Codó estão se sentido discriminados quando vão receber a ajuda de custo para as viagens que fazem por intermédio do Programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD).

A primeira reclamação é contra a queda do valor do benefício, ocorrida desde janeiro do ano passado.

Os denunciantes dizem que quem recebia R$ 220,00, agora só recebe R$ 160,00, mesmo tendo que levar um acompanhante para auxiliá-lo no tratamento em São Luís. Quem faz tratamento anti-viral em Teresina, deixou de receber R$ 129,00 para ter direito a apenas R$ 69,00.

Os pacientes não querem ser identificados, mas todos são unânimes ao afirmar o descaso e o desprezo com que são tratados quando procuram ajuda por meio do programa, para ter direito ao tratamento da doença, que ainda não tem cura.

Um dos soropositivos, que recebe R$ 69,00 de ajuda e viaja sempre sozinho, explicou porque o dinheiro não é suficiente.

“A gente paga as passagens, a pensão, os coletivos, em Teresina, e ainda a alimentação. Só de passagem se gasta R$ 33,00 pra ir e voltar. Tem mês que a ajuda não nos é paga.

Nesse caso, se arruma emprestado para poder ir buscar os remédios, porque sem eles acaba-se prostrado na cama com diarréia, febre e emagrecimento. Quer dizer, não se pode ficar sem os remédios”, explicou o soropositivo.

Atraso

O atraso na liberação da ajuda de custo do TFD é outro drama para os portadores do HIV. Um deles faz tratamento em São Luís e revela que está há quatro meses sem receber o dinheiro. Ele também reclama de mau atendimento na hora em que vai cobrar a liberação do recurso.

“Quando se vai falar sobre esse assunto, é tratado com pouca educação. Nos dizem que o prefeito não é pai da gente e, assim, nossos processos estão com quatro meses em cima da mesa da responsável pelo assunto e nunca foram mandados para o prefeito olhar”, reclamou o soropositivo.

Mesmo sabendo do risco de morte mais rápida, já há casos de abandono do tratamento, por causa de tanta demora na liberação do recurso, segundo os denunciantes. São pacientes que não vão mais à secretaria reivindicar seus direitos.

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“Espero que isso melhore algum dia, que volte a ser como era antes. Todo dia 2 o nosso dinheiro estava nas mãos. Não é só eu que estou com medo de morrer, são muitos, por causa de quase nada. Alguns estão em cima da cama só esperando a morte chegar”, destacou o soropositivo.

Defesa

A coordenadora de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde, Raimunda Baião, responsável pelo encaminhamento do TFD dos soropositivos em Codó, defendeu-se dizendo nunca ter tratado mal quem quer que seja entre os pacientes com Aids.

“Trato a todos sempre muito bem, principalmente a estes, que se sentem tão discriminados”, disse Baião.

Sobre a redução do valor do benefício, explicou que cada caso é analisado separadamente, para a definição de quanto cada paciente deve levar na viagem.

Entre os critérios analisados, estão o procedimento a ser realizado, a duração provável do tratamento, diagnóstico e data de retorno.

Raimunda Baião lembrou que o TFD paga apenas R$ 3,00 para cada 50 quilômetros de viagem e R$ 15,00 por dia para alimentação e pernoite.

Quanto aos atrasos, disse que eles não existem para os 39 pacientes com Aids que deram entrada para fazerem tratamento fora de domicílio. Segundo Baião, a Secretaria de Saúde dá total prioridade

aos soropositivos.

“O que há é um atraso normal de um mês para o outro. No SUS, é assim. Em março se recebe o dinheiro de fevereiro e assim sucessivamente, só isso”, explicou-se a coordenadora. No último mês, a Prefeitura de Codó gastou R$ 2.352,00 com os soropositivos que recorreram ao TFD.

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