Governo sabia de ataques de morcegos, garante secretário

Secretaria Estadual de Saúde tinha conhecimento da situação em Carutapera.

Wilson Lima, O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h35

CARUTAPERA - A alta incidência de ataques de morcegos hematófagos no litoral noroeste do Maranhão não é novidade para a Secretaria de Saúde do Estado. Pelo contrário, o fato havia sido comunicado à Secretaria Estadual de Saúde desde janeiro deste ano. A informação é do secretário Municipal de Saúde de Carutapera, Alexandre Cerqueira.

Segundo o secretário municipal de Saúde, o alerta foi dado à Prefeitura de Carutapera sobre os ataques de morcegos na região nordeste do Pará (principalmente das cidades de Viseu e Augusto Corrêa), onde houve 16 mortes em maio do ano passado. “Em janeiro alertei diretamente a regional de Zé Doca sobre a probabilidade de ataques em toda a região. Conversei diretamente com o titular da regional, Egídio Monteiro, mas nada foi feito. As primeiras providências, no entanto, demoraram para ser tomadas. Só em julho, quando eclodiu o surto, é que foram providenciadas as primeiras ações. Isso, depois de ocorrerem mortes no município de Godofredo Viana”, disse Alexandre Cerqueira.

De acordo com Cerqueira, este não foi o único aviso dado à Secretaria de Estado da Saúde. Diante de ataques na região de Godofredo Viana, em maio deste ano, mais uma vez a secretaria foi alertada, mas nenhuma providência foi tomada. “Quando a situação se agravou em Godofredo, mais uma vez nós procuramos a secretaria, que demorou cerca de um mês para tomar uma atitude. Isso é uma vergonha. Quer dizer que foi necessário o sacrifício de várias vidas para que o governo estadual tomasse uma providência?”, questionou o secretário.

Providências

As primeiras providências na cidade de Carutapera foram tomadas somente no final do mês de julho, quando uma pessoa morreu e haviam, até aquele momento, cerca de 170 casos de pessoas atacadas por morcegos hematófagos. A morte ocorreu no bairro de Santa Rita. Mesmo assim, a ajuda foi insuficiente para conter o surto. O governo estadual disponibilizou 10 equipes de saúde e destinou ao município cerca de R$ 36 mil para investimentos no controle da raiva humana no município. “O dinheiro ajudou, mas muito pouco.

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Com ele, compramos apenas um motor para lancha, na qual estamos visitando as comunidades mais distantes, assim como outros investimentos menores. Na época, precisamos de mais assistência, mas o Estado alegou falta de recursos para mais ações neste sentido”, informou.

Além disso, o secretário declarou que durante o surto de raiva humana no município, entre julho e agosto, a prefeitura precisou bancar parte do combustível e hospedagem para os técnicos da Secretaria da Saúde. Uma situação parecida com a do município de Turiaçu, na qual os agentes de saúde não receberam dinheiro para hospedagem, alimentação e gastos com combustível.

A Secretaria de Saúde do Estado foi procurada pela reportagem de O Estado, que não conseguiu ne-nhum contato para falar sobre o assunto.

Atualmente, o surto de raiva no município de Carutapera está parcialmente controlado. Já foram aplicadas 1.254 doses de vacinas anti-rábicas e estão sendo realizadas campanhas educativas.

Cinco equipes trabalham no controle (captura de morcegos e aplicação de vacinas) e prevenção de novos casos de raiva humana. Somente em Carutapera já foram capturados 56 morcegos, destes, 47 da raça Desmodus Rotundus, ou o morcego hematófago. Desde setembro, não há notícias de novos ataques no município. Ao todo, 215 pessoas foram atacadas por morcegos hematófagos.

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