Buriti Bravo Ex-prefeito nega envolvimento em morte

Wellington Coelho atribui a adversários políticos a acusação.

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 14h48

SÃO LUÍS - O ex-prefeito de Buriti Bravo, Wellington Coelho, rebateu ontem a acusação, feita por adversários políticos, de que teria algum envolvimento com a morte do prefeito João Leocádio, morto há 20 dias com um tiro no ouvido.

Prefeito por três mandatos, ele afirma que nunca houve em sua trajetória pessoal e política nenhum registro de agressão ou abuso de autoridade.

“Nunca sujaria minha biografia com uma agressão brutal como esta”, garante ele.

Ao comentar que desconhecia motivos para que João Leocádio fosse vítima de crime político ou cometesse suicídio, Wellington Coelho cobra da polícia o esclarecimento do caso. “Se foi assassinato, quero que o culpado pague por isso.

Se foi suicídio, é preciso que a polícia diga também quais foram os motivos”, argumenta ele.

Em carta aberta aos seus conterrâneos, o ex-prefeito lamenta a morte de João Leocádio e ressalta que é preciso desarmar o espírito de inimizade que seus adversários políticos alimentam na cidade. “Se alguém tinha interesse na morte do prefeito, não era Wellington Coelho”, afirma ele. Leia, abaixo, a íntegra da carta.

“Conterrâneos,

O momento é de muita dor e sofrimento, não só para a família de João Leocádio como para todos os buritibravenses.

A morte sempre choca e deixa desolados todos que ficam, principalmente quando ocorre de maneira inesperada e brutal, ceifando uma vida no pleno de suas realizações, como a do ex-prefeito de nossa cidade.

Mas, em face das suposições irresponsavelmente levantadas sobre meu envolvimento e de minha família no trágico acontecimento, faz-se imperiosa esta manifestação, principalmente para esclarecer os que não conhecem os contornos da vida no município de Buriti Bravo.

Para mostrar que a morte de João Leocádio não nos traria nenhum benefício político. E que minha índole não permitiria nenhuma atitude criminosa.

Todos os buritibravenses sabem da minha ligação com Sebastião Leocádio (pai do ex-prefeito) e, depois, com sua família. Na nossa infância, ele praticamente morava na casa de meus pais.

Mudei-me para São Paulo, Deus me ajudou, e consegui vencer naquela cidade, onde cheguei a empresário bem-sucedido. Mas nunca abandonei minhas raízes, de modo que comecei a investir o dinheiro que ganhava em São Paulo na minha terra natal, cidade que sempre amei.

Comprei várias propriedades e, quando precisei de alguém de minha confiança para administrar estes bens, não tive dúvidas em convidar Sebastião Leocádio, já com família formada, pai de cinco filhos, entre eles João, com apenas 10 (dez) anos de idade.

Em 1982, fui eleito prefeito pela 1ª vez, tendo Sebastião como companheiro na Câmara de Vereadores. Em 88, lancei sua candidatura a Prefeito; perdemos a eleição, mas continuamos a luta, certos de que teríamos nova oportunidade mais à frente. Criamos a Corrente Sorriso e vencemos a eleição em 92 (eu eleito prefeito pela segunda vez, tendo Sebastião como vice-prefeito).

Realizamos um grandioso trabalho, principalmente no interior do município. Em 96, elegemos juntos Zé Henrique Borges (Sebastião foi o vereador mais votado e eleito presidente da Câmara).

No ano de 2000, Sebastião teve que acompanhar seu filho João, que resolvera ser candidato a Prefeito em oposição à minha candidatura (talvez iludido por pessoas que queriam chegar ao poder e viram nele a única oportunidade para isso).

Ganhei a eleição, mas nunca promovi ou patrocinei qualquer ato de perseguição a João ou quaisquer de seus familiares.

Já em 2004 fui eu quem perdeu a eleição. Aceitei a derrota de forma democrática e de forma democrática fizemos uma transição tranqüila. Mas antes e depois das eleições foram tão exageradas as manifestações contra mim que o Juiz Eleitoral as proibiu (chegaram a botar fogo em oficina mecânica de minha propriedade).

Fica provado, pelo exposto aqui, que nunca houve clima de inimizade entre mim e a famílias Leocádio e Borges (à qual pertence à mãe do ex-prefeito) em Buriti Bravo. Até o ano de 2000, juntos, compartilhamos vitórias e derrotas.

Antes e durante minha militância política, sempre ajudei Sebastião e sua família. Ele e sua esposa Bebete conhecem meu procedimento nas vitórias e nas derrotas, nas alegrias e nas adversidades da vida. Sabem, portanto, que jamais, de forma alguma, atentaria contra a vida de qualquer pessoa, direta ou indiretamente, principalmente tratando-se de alguém que conheci criança, com quem compartilhei alegrias na vida adulta e sendo filho de um tradicional companheiro de lutas e objetivos.

Conflitos políticos são comuns na democraria e seus agentes são apenas adversários e não inimigos, a ponto de desejarem a morte um dos outros. Oposição é própria da democraria. Assim, nosso grupo político, estava preparado para fazer oposição responsável ao governo municipal, mas no campo das palavras, das idéias, das ações judiciais, se necessárias.

Ações físicas, brutais, nunca foram práticas por nós defendidas ou adotadas. Podemos até elevar o tom do discurso, sem que isso leve à violência, comportamento próprio dos desequilibrados, o que realmente nenhum de nós somos!

A missão que João Leocádio teve (infelizmente por pouco tempo), eu a tive por três mandatos, sempre honrando o cargo e respeitando a confiança que o povo me deu. Durante os períodos, nunca fui acusado de agressão a quem quer fosse. Além do que, sempre me animou um espírito de religiosidade que nunca me permitiria cometer atrocidades.

O pai do ex-prefeito e o atual presidente da Câmara, vereador Sebastião Leite, são testemunhas disso pela nossa longa convivência.

Claro que, ao longo dos anos, o administrador enfrenta problemas gerenciais, muitos criados por pessoas que com ele trabalham, mas nada que não possa ser esclarecido e solucionado nos fóruns competentes. Nos meus 14 anos de mandato, tenho respeitado volume de realizações. E, apesar das quantias arrecadadas ou recebidas de fontes externas nunca fui condenado a devolver dinheiro público mal aplicado. Se assim fosse, não teria sido candidato em 2004.

Deus e a maioria do povo de Buriti Bravo deram a João Leocádio a missão de administrar o município por 4 anos. A mim coube, consciente de que não se esgotou ainda minha contribuição a Buriti Bravo, fazer oposição e aguardar a oportunidade de voltar a administrar o município, pessoalmente ou apoiando alguém do nosso grupo político. Mas no âmbito das normas vigentes.

Aos 64 anos, pai e avô, constitui uma família equilibrada, com filhos hoje cumprindo atividades profissionais dignas (entre eles Tom, detentor da confiança do povo de Buriti Bravo no exercício do mandato de vereador). Fiz mais amigos que desafetos. Lamento que as insinuações maldosas assacadas contra mim tenham ameaçado a integridade física de familiares meus.

Fica lançado o desafio para que sejam apresentados quaisquer indícios que, pelo menos, me aproxime da tragédia. E a garantia de que os meus acusadores responderão na Justiça às suas insustentáveis versões. Reafirmo que eu e minha família estamos à disposição das autoridades para os esclarecimentos que se fizerem necessários.

Temos total confiança no trabalho das Polícias Civil e Federal e esperamos que possam ser elucidados os fatos como verdadeiramente aconteceram. Se foi suicídio, que se encontre os legítimos motivos para tal ação. Se foi homicídio, que os criminosos sejam presos e paguem pelo seu ato.

A Buriti Bravo continuo sendo útil, por intermédio dos negócios que mantenho no município, oferecendo mercado de trabalho à mão de obra local.

Aproveito para conclamar a população a desarmar os espíritos, lembrando que com tanto tempo de dedicação ao povo de Buriti Bravo jamais iria manchar o meu passado de tantas realizações com um crime de tamanha brutalidade.

Ao prefeito Nonato Pereira desejo êxito na missão que, inesperadamente, assumiu, e que cumpra os compromissos que levaram João Leocádio e ele à vitória nas eleições. À família do ex-prefeito – em especial a Sebastião e Bebete - os mais sinceros sentimentos de pesar neste momento de angústia e dor. Que Deus os conforte!”

Wellington Coelho

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