SÃO LUÍS - Quatro testemunhas arroladas pelo Ministério Público prestaram depoimento neste sábado, na 2ª Vara Criminal, no processo que apura o assassinato de José Antônio Penha Brito Júnior, ocorrido em junho de 1988. Os acusados do crime, que permanecem presos na Penitenciária São Luís, José Gerardo de Abreu e José Rodrigues, o Zé Júlio, compareceram, desta vez devidamente escoltados por agentes penitenciários e usando coletes à prova de balas. Esta audiência estava marcada para quarta-feira última, mas foi adiada devido a ausência dos acusados presos, cujo transporte até o fórum não foi providenciado a tempo.
Na sessão deste sábado, o pai da vítima, José Antônio Penha Brito, e José João Soares, prestaram depoimento como informantes. O primeiro, por tratar-se de parte interessada e o segundo, por ter sido questionado pelas defesas de José Gerardo e Zé Júlio como inimigo pessoal dos acusados e, com isso, indigno de fé. Como informante, o depoente não faz juramento de dizer somente a verdade.
Duramente questionado pelos advogados de defesa, Penha Brito contou em detalhes todos os passos da investigação pessoal e a que foi feita pela polícia sobre o desaparecimento e morte de seu filho. Ele falou, também, acerca da vinda do médico legista Fortunato Badan Palhares a São Luís e lembrou que não acreditou quando o legista forneceu o laudo, negando que a ossada encontrada em uma praia de Alcântara seria de seu filho.
Penha Brito fez um relato sobre um detetive que contratou no Rio de Janeiro para investigar o caso. O homem, depois de alguns dias, teria pedido dinheiro para ir embora, dizendo-se ameaçado de morte. O pai de Brito Júnior informou, ainda, que sua filha achou que estavam sendo seguida por um carro, na véspera do desaparecimento do menino. Ele falou sobre o seqüestro da esposa do então superintendente do Banco do Brasil e de uma explosão ocorrida na cozinha do banco.Enfático, Penha Brito não se rendeu aos questionamentos da defesa, respondendo com cuidado e, às vezes, minúcias excessivas às perguntas formuladas.
Após o depoimento do pai da vítima, o juiz José Joaquim Figueiredo dos Anjos ouviu o depoimento do odontolegista Patrício Câmara Filho, que atestou, na época, ser de Brito Júnior a arcada dentária da ossada encontrada em praia de Alcântara. O principal questionamento da defesa foi de como havia sido feita esta identificação, uma vez que o odontólogo não dispunha de molde da arcada da vítima. As explicações de Patrício Filho, que era dentista da família Alves Brito, pertinentes ao caso foram técnicas.
José João Soares Costa, o Jota, relatou ao juiz José Joaquim Figueiredo dos Anjos que ouviu, quando estava em uma fazenda no município de Ipixuna, na rodovia Belém-Brasília, o indivíduo conhecido como Brinquedo dizer a Zé Júlio que teriam a morte de um menino para providenciar no Maranhão. Isto teria acontecido em maio de 1988. Segundo Jota, somente na época da CPI do Narcotráfico e do Crime Orga-nizado é que ele teria ligado esse fato à morte de Brito Júnior.
Jota frisou, ainda, que visitou a casa de Airton Godin algumas vezes, em companhia de Bel, para receber documentos ou para conversas. Essa documentação, se-gundo ele, seria falsificada, apesar dele informar nunca ter visto Airton Godin falsificar nenhum documento.
Finalmente, Lourival da Costa Santos, que em 1988 respondia como gerente geral da agência centro do Banco do Brasil, prestou depoimento, informando os trâmites da solicitação de empréstimo feita por José Gerardo, até o indeferimento desta, ocorrido após avaliação negativa realizada por Penha Brito em um imóvel do proponente.
A pequeno espaço da sala de audiência foi duramente criticada pelos advogados de defesa, que se amontoaram em pé e sentados, ao lado de representantes da imprensa, agentes penitenciários e dos acusados.
As próximas audiências para depoimento das testemunhas arroladas pela defesa foram marcadas para os dias 4 e 11 de março e 1º de Abril.
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