SÃO LUÍS - “Horticultura da Baixada Maranhense - Regaste da Esperança” é o nome do projeto que representa o Maranhão na Expo Brasil Desenvolvimento Local 2003, realizada até o sábado, no Minascentro, em Belo Horizonte.
O evento, que enfoca ações voltadas para a promoção do desenvolvimento local sustentável no País e no mundo, acontece pela segunda vez. A primeira foi ano passado, em Brasília.
O Maranhão levou para a Expo Brasil resultados de uma experiência com a produção de hortaliças e culturas de ciclo curto, como a melancia, milho verde doce e o maracujá, que envolve produtores rurais de Mirinzal (MA), unindo cooperação, articulação institucional, capacitação e transferência de tecnologia.
Em apenas 18 meses, o projeto provocou mudanças na agricultura praticada na Baixada Maranhense, região localizada no noroeste maranhense. O projeto vem gerando capacitação para os agricultores, introdução de tecnologia no processo produtivo, estímulo à cooperação, abertura de novos mercados, diversificação da produção, melhoria no padrão nutricional e aumento da renda das famílias envolvidas.
A experiência será relatada por Odirlei Machado, agricultor, e Alexandre Frazão, técnico agropecuário responsável pela assistência técnica ao projeto, e Maria Auxiliadora Vieira de Melo, gestora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Pinheiro (MA).
Região pobre, de grande concentração populacional, a Baixada abrange uma população estimada em 650 mil habitantes, segundo dados do IBGE 2002. Na região, o Sebrae atua em 31 municípios, por meio da Agência Regional de Pinheiro.
Essas localidades têm como atividades econômicas mais preponderantes a agricultura familiar, feita com o mínimo de tecnologia e apoio, e a pecuária extensiva.
A experiência levada para a Expo Brasil resulta de parceria entre o Sebrae, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Mirinzal (STTRM) e, em algumas ações, também com a Prefeitura de Mirinzal.
O ponto de partida da experiência é um programa de qualificação da mão-de-obra rural, que evoluiu para experiências produtivas em pequenas hortas, com áreas que variam de 0,3 a 1 hectare, onde foram introduzidas inicialmente hortaliças orgânicas (folhosas).
Com o sucesso das hortas, os agricultores partiram para o plantio de melancia, milho verde doce e mais recentemente o maracujá, como alternativas ao cultivo da mandioca, que ocupa quase toda a mão-de-obra e as terras disponíveis na região.
O projeto prevê, no futuro, o aproveitamento do potencial apícola da Baixada, com o estímulo à apicultura como fonte alternativa de receita na propriedade rural. Para isso, as famílias estão sendo capacitadas com técnicas apropriadas para a criação de abelhas.
O cultivo das hortas motivou inicialmente 11 famílias e abriu caminho para o plantio regular de cheiro verde, cebolinha, alface, couve, quiabo e pepino, cuja comercialização é feita em Mirinzal, onde a dependência de abastecimento externo é quase total. Outra parte vai para consumo das próprias famílias, melhorando, assim, o padrão nutricional no meio rural.
Motivadas pelo sucesso dos pioneiros, hoje já são quase 300 famílias em toda a região e 15 municípios beneficiados. Na safra de melancia que já está sendo colhida em Mirinzal, estima-se uma produção de 60 toneladas, que devem gerar uma receita líquida de R$ 60 mil.
Somente em Mirinzal, a área plantada com melancia este ano deve chegar a 15 hectares. No ano passado, as hortas caseiras renderam algo em torno de R$ 12 mil e a melancia, R$ 8 mil. Parte desses recursos foram reinvestidos nas safras deste ano e na ampliação da área cultivada.
Para Maria Auxiliadora Vieira de Melo, gerente da Agência Regional de Pinheiro, o resultado mais expressivo do trabalho é a valorização das reais aptidões da população rural. “O projeto vem servindo de exemplo para outros municípios da região. Com a tecnologia adequada, assistência técnica e produção orientada para o mercado, esses produtores estão conquistando melhores condições de vida”, ressaltou ela.
Mais de 2,5 mil participantes, entre representantes de governos, empresas e da sociedade civil, participam da Expo Brasil, onde discutem alternativas de impulso a iniciativas de desenvolvimento sócio-econômico.
O evento abre espaço para troca de experiências, incentivo à geração de conhecimento e articulação de parcerias, além de palestras, conferências, mesas-redondas, painéis, oficinas e uma feira com demonstração de produtos e serviços associados ao desenvolvimento local sustentável.
No caso das palestras e conferências, especialistas do Brasil e de outros países (Portugal, Espanha, Chile, Itália e Estados Unidos, por exemplo) apresentam experiências, programas de fomento e serviços de apoio, e discutem questões como segurança alimentar, capacitação para desenvolvimento local, gestão compartilhada e participativa, meio ambiente, juventude, entre outros temas.
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