Problemas no VS-30 durante o lançamento em Alcântara

A missão Cumã teve sucesso parcial porque o propulsor se soltou mais cedo da carga útil.

O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 15h25

Depois de três dias de tentativas, o foguete VS-30 XV-06 foi lançado do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).

Exatamente às 9h33 de ontem, depois de quatro paradas na contagem, o propulsor S-30 do foguete foi acionado. Os primeiros 28 segundos do vôo foram perfeitos, mas o propulsor acabou se soltando muito cedo da carga útil – logo que o propulsor terminou de consumir o propelente - e o vôo acabou não acontecendo do jeito que se esperava.

Mesmo com esses imprevistos a “Missão Cumã” foi considerada um sucesso parcial porque uma boa parte dos objetivos foram atingidos.

A plataforma X-1 que levava os oito experimentos que participaram da campanha, não atingiu o apogeu previsto. O apogeu ficou foi à 119 km, 60 km a menos do que o previsto, e essa diferença fez com que o tempo em situação de microgravidade também fosse menor - menos de um minuto.

Além dos problemas com o vôo, a carga útil acabou sendo perdida por causa de um rompimento no cabo que ligava o seu módulo ao pára-quedas de frenagem do sistema de recuperação. Quando os mergulhadores do Pára-sar chegaram ao local do impacto da carga útil só conseguiram encontrar o pára-quedas, que foi resgatado e levado de helicóptero para o CLA, para ser submetido a uma série de análises.

“Foi falta de sorte. O motor funcionou bem, mas houve uma separação precoce do motor e o pára-quedas acabou se desprendendo da carga útil. Vamos analisar os dados que temos para saber o que foi que aconteceu. Temos dois problemas para estudar: porque o propulsor se separou antes do tempo e porque o pára-quedas acabou se soltando da carga útil. Nem nós, nem os alemães sabem o que aconteceu.

Será necessário fazer uma série de testes e estudar os dados que coletamos para entender o que aconteceu”, afirmou o vice-diretor de espaço do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Mauro Dolinsky.

Vôo - O foguete fez um vôo total de cerca de 11 minutos, sendo que o motor se soltou cerca de 28 segundos após a decolagem, o que deveria ter acontecido somente 33 segundo depois. O apogeu foi atingido com seis minutos e 17 segundos de vôo, e os pára-quedas abriram um minuto e 40 segundos depois. Com as perturbações no vôo do foguete ele acabou caindo 40 km além do ponto de impacto previsto.

Essa é a segunda vez que uma carga útil que precisava ser recuperada é perdida em um lançamento de VS-30. Em 1999, em uma outra missão – São Marcos – a carga útil também a acabou afundando apesar dos mergulhadores terem localizado o módulo ainda na superfície.

O mais curioso é que nessa missão o professor Alessandro La Neve, da Centro Universitário FEI, também tinha um experimento embarcado, idêntico ao que estava no VS-30 XV06. Na ocasião os mergulhadores não conseguiram enganchar a carga útil no gancho de carga do helicóptero encarregado do resgate.

Apesar da perda da carga útil a operação de lançamento foi considerada um sucesso pela direção do CLA. “Um lançamento é composto de três fases. A fase do lançamento foi perfeita. As duas campanhas de lançamento desse mês foram muito importantes para a aprendizagem.

O CLA volta à atividade e vamos prosseguir na fase de capacitação da equipe. Em fevereiro recomeçam as atividades, para a preparação da campanha do VLS-1.”, afirmou o diretor do CLA, coronel Jorge Pagés.

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