BRASIL - Um estudo sobre o bem-estar de mães e bebês pelo mundo, destaca o abismo entre favela e asfalto quanto à qualidade dos serviços de saúde ofertados, em cidades brasileiras e metrópoles internacionais.
De acordo com o levantamento anual O Bem-Estar das Mães do Mundo 2015, realizado pela ONG Save the Children, o Brasil está em 77º lugar do ranking entre 179 países analisados, abaixo de países latino-americanos como Argentina e México.
O relatório reúne dados levantados por outras instituições, como de saúde materna, mortalidade infantil, educação, renda per capita e até representatividade feminina no governo e, no caso brasileiro, cita um estudo realizado no Rio de Janeiro, que aponta que a taxa de mortalidade entre recém-nascidos chega a ser 50% maior em favelas do que em bairros mais ricos.
Segundo o diretor da ONG na américa latina, Beat Rohr, há crescentes evidências de que os bairros onde se vive têm muito a ver com o acesso à saúde de qualidade. Hospitais de boa qualidade muitas vezes estão reservados a mães que têm poder econômico.
O diretor diz ainda que, historicamente, a saúde mundial tendia a ser melhor nas áreas urbanas, do que nas rurais. Mas hoje o que se vê, é que dentro das próprias cidades essa disparidade é muito grande, e isso se reflete em mortalidade materna e infantil. Se algumas gestantes têm acompanhamento regular em bairros ricos, isso nem sempre ocorre em bairros pobres.
No Brasil, mulheres têm uma chance em 780 de morrer de causas relacionadas à gravidez , de acordo com esse indicador o país fica em 82º lugar entre os 179 analisados.
Mas, entre os indicadores usados pela Save the Children, o Brasil se sai pior em representação política feminina, apesar de ter uma mulher na presidência. "As mulheres têm menos de 10% dos assentos no Congresso, colocando o país em 151º lugar no mundo nesse indicador", aponta o estudo.
A respeito da influência disso na saúde materna e infantil, Rohr explica que "há indicativos de que, quando têm poder político, as mulheres tendem a votar mais em políticas sociais, ainda que isso não seja uma regra,” diz ele.
Problemas observados nos centros urbanos brasileiros são semelhantes aos de outras grandes cidades do mundo, diz o relatório da ONG ao citar disparidades em saúde, entre ricos e pobres.
Em 19 dos 40 países em que há dados de tendências de longo prazo, cresceu o abismo entre áreas prósperas e marginalizadas no que se refere a taxas de sobrevivência infantil.
O relatório concluiu também que mulheres dão à luz nos Estados Unidos têm mais chance de morrer no parto do que em qualquer outro país rico. As americanas têm, em média, probabilidade dez vezes maior de morrer na gravidez ou durante o nascimento da criança do que as gestantes da Áustria, por exemplo.
Apesar de o país ter uma das maiores rendas per capita do mundo, ficou em 33º lugar do levantamento, dois abaixo do relatório do ano passado. "Em algumas cidades americanas, a diferença entre a sobrevivência de crianças urbanas ricas e pobres é maior do que em muitos países desenvolvidos", diz o texto.
Em Washington, a capital americana, crianças nascidas nas partes mais pobres tinham probabilidade dez vezes maior de morrer antes de seu primeiro aniversário do que crianças que moram nas regiões mais ricas da cidade, diz o relatório.
A Save the Children destaca a redução da mortalidade materna e infantil em capitais como Campala (Uganda) e Adis Abeba (Etiópia).
O ranking da ONG é liderado por países nórdicos: a Noruega ficou em primeiro lugar em saúde materna e infantil, e Finlândia, Islândia, Dinamarca e Suécia também tiveram boas colocações.
Países africanos devastados por guerras e conflitos internos como Mali, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Somália são os piores para mulheres que vão dar à luz.
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