Tecnologia e inclusão social

Bengala inteligente criada por estudantes da Uema deve ganhar novas funcionalidades: “A tecnologia pode ajudar de verdade pessoas com deficiência”

A ideia surgiu como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mas já ganhou perspectivas de futuro que vão muito além da versão protótipo.

Beatriz Costa/Imirante.com

Atualizada em 16/12/2025 às 11h01
Bengala inteligente criada por estudantes da Uema deve ganhar novas funcionalidades: “A tecnologia pode ajudar de verdade pessoas com deficiência”. (Foto: Reprodução/Ascom Uema)

COROATÁ - Uma iniciativa tecnológica que nasceu na sala de aula está prestes a transformar a vida de pessoas com deficiência visual. Estudantes do curso de Tecnologia em Redes de Computadores do programa ProfiTec da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Campus Coroatá, desenvolveram uma bengala inteligente com sensores para detecção de obstáculos, voltada para aumentar a autonomia e a segurança de pessoas com deficiência.

O dispositivo surgiu como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mas já ganhou perspectivas de futuro que vão muito além da versão protótipo.

Milton Rodrigues Ribeiro, estudante do programa ProfiTec, explicou que a ideia partiu da convivência diária com um colega de turma com deficiência visual total, que inspirou o grupo a buscar soluções tecnológicas eficazes e de baixo custo. 

“Presenciamos as limitações vivenciadas diariamente por ele. Resolvemos então desenvolver um projeto, para o nosso TCC, que ajudasse de alguma forma ele e demais pessoas que têm essa limitação.”, relatou Milton Rodrigues, aluno do programa ProfiTec da Uema.

“Buscamos, desde o início, algo que melhorasse o uso da bengala tradicional, já que usuário de bengalas tradicionais sempre está limitado ao alcance da ponta da bengala. E isso torna muitas vezes perigoso esse uso. Pois o usuário tem que se aproximar, tocando o obstáculo para identificar a presença.", disse Milton Rodrigues Ribeiro.

Segundo ele, o protótipo utiliza sensores distribuídos ao longo da bengala, que enviam alerta sonoros e por vibração conforme o usuário se aproxima de obstáculos, funcionando também em níveis de altura elevados, como bancos, placas ou prateleiras.

A bengala faz uso de diversos sensores em diferentes níveis de altura. Sempre que um ou mais sensores detectam um obstáculo, eles enviam esse dado ao cérebro do sistema, que sinaliza ao usuário, através de avisos sonoros e também vibração, tudo isso de forma gradativa à medida que o usuário aproxima-se do obstáculo.
Milton Rodrigues, aluno do curso superior de Tecnologia em Redes de Computadores do ProfiTec, da Uema.

Tecnologia aliada à inclusão social

Construído com componentes acessíveis, como sensores ultrassônicos e microcontrolador Arduino, motor vibracall e buzzer, o dispositivo possui um investimento inferior a R$ 200. O projeto demonstra que é possível aliar alta função assistiva a baixo custo, favorecendo a inclusão de pessoas com deficiência visual ou múltipla.

Apesar dos desafios técnicos, como a robustez do hardware diante do uso contínuo e a otimização do código, os testes em ambientes como ruas, calçadas, rampas e residências deram respostas positivas, especialmente porque o próprio usuário participou do processo de adaptação e melhoria do sistema. 

“Fizemos um levantamento de requisitos. E a partir de então começamos a adquirir os componentes utilizados no projeto. Montamos hardware e começamos a escrever o código. Desde então foram vários testes. Sempre com o auxílio do usuário, que é deficiente visual. Ele indicava os detalhes de uso e a gente ia adaptando as melhorias. Até que chegamos ao protótipo final. Essa bengala inteligente foi testada no dia a dia do usuário, tanto em ambientes internos(casa, campus da universidade aqui em Coroatá), quanto externo (ruas, praças, calçadas, rampas, etc)", relatou Milton.

Um olhar para o futuro: patente, parceria e novas funções

O que era apenas um projeto acadêmico agora tem projetos futuros para impactar a sociedade em escala maior. Para José Pinheiro de Moura, professor e orientador do Departamento de Engenharia da Computação da Uema, a equipe está providenciando o registro do software e a patente da bengala inteligente, passos fundamentais para proteger a inovação e abrir espaço para futuras aplicações comerciais e sociais. 

Os planos envolvem a patente. Já demos entrada na patente e tentamos patrocínio para desenvolver uma bengala realmente definitiva, porque o que foi desenvolvido foi um protótipo. O desenvolvimento desse protótipo foi feito com a bengala que era do próprio aluno Francivaldo e também com materiais sucateados, como os de computadores e sensores acadêmicos. A ideia agora é tornar em um produto profissional.
José Pinheiro de Moura, professor e orientador do Departamento de Engenharia da Computação da Uema

Entre os planos, os desenvolvedores pretendem adicionar:

  • Botão de emergência com envio de localização geográfica em tempo real para contatos de confiança, ampliando a segurança do usuário fora de ambientes familiares. 
  • Busca por parcerias com instituições públicas e privadas para tornar o dispositivo replicável em larga escala, facilitando a produção e distribuição para usuários que mais precisam. 

Para Milton, o projeto demonstra o potencial da tecnologia na promoção de inclusão social. 

Devemos fazer bom uso das tecnologias para tornar nossas calçadas, ruas e até nossas casas mais acessíveis. A bengala inteligente é um exemplo real de como a tecnologia pode ajudar de verdade pessoas com deficiência.
Milton Rodrigues Ribeiro, estudante do programa ProfiTec

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.