Buriti-corrente

Famílias de povoado pedem socorro ao Incra

No último 26 de novembro, 112 policiais fizeram cumprir uma sentença de reintegração de posse no povoado.

Acélio Trindade/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 13h02

CODÓ - Os escombros de 28 casas demolidas em Buriti-corrente, divisa de Codó e Caxias, não deixam a lavradora Maria Raimunda da Silva esquecer o último 26 de novembro, quando 112 policiais fizeram cumprir uma sentença de reintegração de posse no povoado.

- Tinha gente chorando, mulher dando 'passamento', mulher 'buchuda' passando mal.

- Quando lembra fica triste?

- Demais - respondeu.

Famílias permanecem no local

Das 42 famílias atingidas pela reintegração, apenas 4 retiraram-se da área de 5.380 hectares reivindicada pela empresa Empreendimento Turismo Pousada Buriti-corrente (nome fornecido pela associação de pequenos produtores). O restante divide hoje barracões cobertos de palha de babaçú, às margens da BR-316.

Fogareiros garantem o cozimento da pouca alimentação doada que chega (A Prefeitura de Codó doou 43 cestas-básicas que já acabaram e um fazendeiro, conhecido como Sabá, doou 180 quilos de peixe). Redes e colchões estão prontos, mas dona Josefa de Oliveira Borges, garante que não se dorme toda noite na moradia improvisada.

"Quando vem a chuva, a água vem assim do vento, aí pega o colchão enrola, outro levanta a rede e fica sem dormir, acordado até a chuva passar", reclamou.

Morando na pocilga

A lavradora, Francisca Ferreira da Silva, foi parar onde antes os porcos eram criados. Ela e seus 10 filhos, o mais novo tem apenas seis meses.

- Que esperança a senhora tem?

- Que a gente consiga alguma coisa, que um dia a gente volte a morar dentro de uma casa - respondeu.

As crianças de buriti não concluíram o ano letivo. Os pais permanecem na área, mas estão com medo de cuidar dos campos de melancia e plantar as roças.

- 'Tô' com medo.

- De quê?

- De qualquer hora o trator chegar e passar por cima de tudo que nem fizeram o despejo de minha casa e o que é que eu vou fazer? - disse o lavrador Antonio Francisco Oliveira

Apelo

De acordo com o presidente da associação de produtores, Antonio Borges, as famílias não saíram porque não têm para onde ir. Além disso aguardam, da Justiça, a suspensão da liminar de reintegração de posse e a intervenção do Incra no que se refere à desapropriação da área.

"O apelo que eu faço para o Dr. Benedito III é que ele, realmente, resolvesse nosso problema porque os moradores não vão sair sem ter algum resultado, mesmo que seja desapropriada esta terra ou outra, mas, de qualquer forma, nós temos que ir para uma terra pra nós ficarmos sossegados", apelou.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.