BRASÍLIA – O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, retirou nesta quinta-feira (18) o sigilo da decisão que autorizou uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga desvios bilionários em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social.
De acordo com o despacho, a Polícia Federal chegou a solicitar a prisão preventiva do senador Weverton Rocha. A Procuradoria-Geral da República, no entanto, se manifestou contra a prisão do parlamentar. Para o Ministério Público, “até o momento, não se demonstrou vínculo direto entre o parlamentar e a execução das condutas ilícitas, nem recebimento de valores ilícitos”.
Diante desse entendimento, Mendonça autorizou apenas mandados de busca e apreensão contra Weverton Rocha.
Acusações da Polícia Federal
Apesar da negativa de prisão, a decisão revela que a investigação dedica ao senador Weverton Rocha um “capítulo extenso”. A PF sustenta que ele seria beneficiário dos desvios e atuaria como “sustentáculo político” da organização criminosa estruturada por Antônio Carlos Camilo Antunes.
Segundo os investigadores, o senador teria se beneficiado de valores oriundos dos descontos associativos fraudulentos, mantendo relações próximas com integrantes do esquema. A PF afirma ainda que Weverton poderia ter atuado como “sócio oculto”, recebendo recursos ou vantagens por meio de interpostas pessoas, inclusive assessores parlamentares.
Para a Polícia Federal, esses vínculos políticos ampliariam a capacidade de influência e a blindagem institucional do grupo criminoso, que, conforme a investigação, também pretendia replicar o esquema em pagamentos administrados pela Caixa Econômica Federal.
Defesa
Em nota, Weverton Rocha afirmou confiar plenamente nas instituições e no Estado Democrático de Direito. Segundo o senador, a própria decisão do STF reconhece a ausência de provas que o vinculem a práticas ilícitas ou ao recebimento de recursos irregulares.
As investigações da Operação Sem Desconto apontam que o esquema funcionou entre 2019 e 2024 e pode ter provocado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas.
Veja a íntegra da nota divulgada por Weverton Rocha
Confio plenamente nas instituições e no Estado Democrático de Direito, reafirmando meu respeito ao trabalho da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal.
Ressalto que a decisão da Corte é clara ao reconhecer a ausência de provas que me vinculem a práticas ilícitas ou ao recebimento de recursos irregulares. Relações profissionais de terceiros não podem ser usadas para me imputar responsabilidade sem fatos concretos.
Sigo exercendo meu mandato com serenidade e colaborando para o esclarecimento dos fatos, certo de que a verdade prevalecerá e minha inocência será plenamente reconhecida.
Weverton Rocha
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