BRASÍLIA, DF – A comemoração do Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), reforça que o Brasil registrou avanços “extraordinários” nos últimos 60 anos em políticas de igualdade racial, segundo o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Santos Rodrigues. Ele destacou que conquistas como cotas raciais, proteção a territórios quilombolas e a criação do Ministério da Igualdade Racial refletem o impacto das lutas históricas do movimento negro.
Reconhecimento e desafios
Em entrevista à Agência Brasil, Rodrigues afirmou que líderes como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez contribuíram para uma sociedade mais democrática. Mesmo assim, alertou que o cenário ainda está longe do ideal, com obstáculos persistentes na promoção da igualdade racial.
Ele comparou o racismo brasileiro a práticas estruturais de outros países e classificou o fenômeno nacional como “sistêmico, sofisticado e permanente”.
Segundo ele, episódios como chacinas no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo refletem uma violência que atinge sobretudo a população negra.
Avanços citados pelo presidente da Fundação Palmares
- Políticas de cotas raciais em universidades e concursos.
- Criação do Ministério da Igualdade Racial.
- Proteção e regularização de territórios quilombolas.
- Maior debate público sobre racismo e direitos da população negra.
Serra da Barriga: memória e resistência
Rodrigues também enfatizou o papel histórico da Serra da Barriga, em Alagoas, local do Quilombo dos Palmares, considerado o maior e mais duradouro das Américas. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares é mantido pela Fundação como espaço de preservação da memória afro-brasileira.
Ele lembrou que entre 2018 e 2022 não houve atividades comemorativas ao Dia da Consciência Negra na Serra. Para o presidente, o feriado nacional, instituído pelo governo federal, é fundamental para “pautar a causa da justiça e da igualdade de oportunidades”.
O dirigente afirma que a população negra merece reparações históricas e que, embora avanços existam, não ocorrem “na velocidade que meus antepassados sonharam”.
Entender o passado, preservar a história
De acordo com Rodrigues, ampliar a compreensão histórica é essencial para valorizar a memória de grupos marginalizados, como indígenas, mulheres, trabalhadores pobres e os protagonistas de episódios como Canudos e a Revolta dos Malês.
Ele destacou ainda melhorias recentes no acesso e na preservação da Serra da Barriga, que agora oferece mais informações a visitantes brasileiros e estrangeiros.
Igualdade racial mais presente no debate público
A secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Larissa Santiago, também avaliou que o país avançou no tema. Para ela, o Brasil hoje discute igualdade racial “com mais clareza e capilaridade”, graças ao fortalecimento das políticas educacionais e às leis de cotas ampliadas.
Segundo Larissa, o aumento de estudantes e professores negros nas universidades fortalece perspectivas de raça, classe e gênero nas salas de aula.
Principais resultados das políticas de igualdade racial
- Maior presença de pessoas negras em universidades federais e institutos técnicos.
- Ampliação de cotas no serviço público.
- Formação de mais docentes negros, capazes de abordar temas de raça e identidade.
Saúde e segurança ainda são desafios
Apesar dos avanços, Larissa ressalta que o Brasil enfrenta desafios estruturais, especialmente em um país de dimensões continentais. Ela citou dois pilares essenciais para o avanço da igualdade racial:
- Saúde pública plena, com acesso efetivo para a população negra.
- Segurança pública eficiente, capaz de reduzir a violência que atinge majoritariamente pessoas negras.
Para a secretária, políticas de igualdade racial precisam atuar de forma transversal em várias áreas do governo para alcançar resultados concretos.
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