ABTELECOM alerta: é fake dizer que a fibra óptica vence pela velocidade
A verdadeira vantagem está na largura de banda e na baixa atenuação, e não na propagação próxima à velocidade da luz.
A Associação Brasileira de Telecomunicações (ABTELECOM) divulgou um alerta sobre uma informação equivocada que vem sendo reproduzida até mesmo em grandes reportagens: a de que a fibra óptica seria superior porque transmite próximo à velocidade da luz. Segundo a entidade, essa explicação não se sustenta tecnicamente e distorce os fundamentos da engenharia de telecomunicações.
Na prática, a propagação em espaço livre, usada nas comunicações sem fio, ocorre praticamente na velocidade da luz no vácuo, cerca de 300 mil km/s. Já na fibra óptica, devido ao índice de refração do vidro, essa velocidade cai para aproximadamente 200 mil km/s. Isso significa que, em termos de propagação, o rádio é até mais rápido que a fibra. Se esse fosse o fator determinante, as redes sem fio já apresentariam taxas muito superiores às cabeadas, o que não acontece.
A verdadeira superioridade da fibra está em sua resposta em frequência. A tecnologia suporta uma largura de banda gigantesca, da ordem de terahertz, especialmente nas janelas de 1,3 µm e 1,55 µm, em que a atenuação e a dispersão são mínimas. Esse desempenho se traduz em taxas de transmissão impressionantes: com técnicas como o DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing), já se alcançam centenas de gigabits por segundo (Gbps) por canal, e sistemas comerciais e experimentais superam facilmente a casa dos terabits por segundo (Tbps) em um único par de fibras.
Outro aspecto essencial é a baixíssima atenuação. A fibra permite transmissões estáveis por longas distâncias com perdas mínimas, enquanto no rádio há forte atenuação, ruído e interferências. No Brasil, a disseminação do GPON (Gigabit Passive Optical Network) e o marco regulatório que autorizou o compartilhamento de postes das concessionárias de energia elétrica possibilitaram a rápida expansão da rede FTTH (Fiber to the Home), levando internet de alta qualidade à última milha com custos reduzidos.
Nos sistemas sem fio, a realidade é bem diferente. O 4G LTE-Advanced chega a 100 Mbps a 1 Gbps em condições ideais, mas opera comercialmente entre 20 e 200 Mbps. O 5G Sub-6 GHz, em faixas médias, alcança de 300 Mbps a 1,5 Gbps. O 5G mmWave, em ondas milimétricas acima de 24 GHz, pode atingir 2 a 5 Gbps, mas com alcance reduzido. Em enlaces fixos ponto a ponto, rádios modernos em micro-ondas e ondas milimétricas chegam a 10 ou 20 Gbps, ainda muito abaixo da capacidade da fibra.
A ABTELECOM reforça que a superioridade da fibra óptica não está na velocidade de propagação, mas na combinação de baixa perda e largura de banda praticamente infinita. “As telecomunicações são o pilar que sustenta toda a internet, e cabe aos engenheiros eletricistas, em eletrônica, de computação e de telecomunicações, profissionais devidamente habilitados, garantir a conectividade estável e segura que a sociedade exige”, destacou a entidade em artigo publicado no seu sítio eletrônico.
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