Alerta

Materiais de energia limpa podem ser problema futuro, diz pesquisadora

A um ano da COP30, especialistas defendem economia circular.

AgĂȘncia Brasil

A transição para a economia circular requer uma mudança no “modelo mental”. (Foto: Reprodução)

BRASIL - NĂŁo se pode desenvolver novas tecnologias sem pensar qual serĂĄ o destino desses materiais apĂłs a vida Ăștil. O alerta da pesquisadora e professora Beatriz Luz, que Ă© presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular, reforça uma preocupação que deve ser tema da 30ÂȘ ConferĂȘncia das NaçÔes Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro do ano que vem.

Na semana passada, durante o festival de tecnologia REC’n’Play, no Recife, a pesquisadora organizou o Brazilian Circular Hotspot, que chamou a atenção para a lĂłgica da reciclagem: “a mensagem da circularidade Ă© que nĂŁo se pode desenvolver tambĂ©m novas tecnologias sem pensar no que acontece depois com os materiais”.

Como exemplo, ela cita paredes eĂłlicas e painĂ©is solares, que sĂŁo considerados geradores de energia limpa, mas que exigem um planejamento para apĂłs a vida Ăștil dessas tecnologias:

“A nossa proposta Ă© promover esse olhar amplo, mostrar para as pessoas que tudo estĂĄ integrado”.

Para ela, o tema da economia circular pode alavancar as discussĂ”es sobre o combate Ă s mudanças climĂĄticas. Ela avalia que açÔes para reutilizar, recuperar e reciclar materiais e energia devem pautar as discussĂ”es de forma urgente. “Essa Ă© uma estratĂ©gia para a regeneração do planeta, a proteção da biodiversidade e a redução da poluição e dos resĂ­duos”, explica.

Modelo mental

Para ela, a transição para a economia circular requer uma mudança no “modelo mental”, na forma de produzir e de consumir, incluindo o modo como a sociedade se relaciona com produtos e serviços.

“É importante ter o engajamento do poder pĂșblico criando diretrizes favorĂĄveis a esse novo modelo de negĂłcio, com incentivos para produtos circulares”.

AlĂ©m disso, ela defende a necessidade de a indĂșstria se engajar e perceber as possibilidades e oportunidades de trabalhar com diferentes materiais reciclĂĄveis. A pesquisadora explica que o tema virou lei em paĂ­ses europeus, onde os produtores de energia tĂȘm de se responsabilizar por todos esses equipamentos necessĂĄrios para distribuir essa energia renovĂĄvel.

“Se não for assim, a gente vai mudar um problema de um lugar para o outro. A gente vai eliminar o problema do combustível fóssil e gerar outro problema”.

Financiamento

O economista ambiental alemão Arno Behrens, do Banco Mundial, também participou do evento de tecnologia e defendeu a necessidade de financiamento dos bancos multilaterais para açÔes de circularidade.

“Não faz sentido que o tema das mudanças climáticas esteja na mente de todos, mas o da economia circular nem tanto”.

Ele defendeu que polĂ­ticas de economia circular sĂŁo essenciais para atingir metas climĂĄticas. “Elas podem contribuir para reduçÔes adicionais das emissĂ”es de CO₂ provenientes da queima de combustĂ­veis fĂłsseis em mais de 7% atĂ© 2030”, disse.

Holofote para a regiĂŁo

Outro especialista estrangeiro em economia circular e sustentabilidade, o finlandĂȘs Kari Herlevi disse que o Brasil deve servir como um “holofote para as demais naçÔes da regiĂŁo, para destacar o poder da inovação local”.

Ele avaliou que o evento no Recife também reforçou a preparação para a COP30, em Belém, no ano que vem.

“O Brazilian Circular Hotspot surge como um ponto estratĂ©gico de inovação e sustentabilidade, destacando as soluçÔes brasileiras e tropicais que podem inspirar o mundo”.

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