Debate em SP tem troca de acusações e ataques
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) participaram do debate. Esse foi o nono encontro dos postulantes a prefeito da capital paulista.
SÃO PAULO - Os candidatos a prefeito da cidade de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) participaram de mais um debate na capital, na noite deste último sábado.
O encontro foi realizado pela Record e contou 11 pedidos de direito de resposta, todos negados, e uma punição.
A emissora tomou algumas medidas de segurança após a agressão do candidato Datena em Marçal no debate da TV Cultura. Todas as cadeiras estavam fixadas no chão. Os copos utilizados pelos convidados eram de acrílico, e não de vidro e todas as pessoas, à exceção dos candidatos, passaram pelo detector de metal.
Três assessores puderam acompanhar os candidatos no estúdio. Eles tiveram direito a um segurança, cada.
O programa começou 20h40 e contou com um formato de três blocos: nos dois primeiros candidatos responderam a perguntas feitas pelos adversários e por jornalistas. O terceiro bloco foi reservado para as considerações finais.
As regras proibiram gestos desrespeitosos, palavrões e a exibição de objetos, documentos ou acessórios. Em caso de descumprimento, o mediador podia interferir e dar advertência e penalização de 30 segundos da fala durante as considerações finais, como ocorreu com Marçal após chamar Boulos por um apelido.
Com três punições, perderia-se o direito às considerações; com quatro advertências, o candidato seria expulso do debate. Em caso de expulsão, um novo sorteio seria realizado.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, os candidatos se enfrentaram em confrontos diretos com ataques sobre investigações e mudanças de posicionamento ao longo da vida pública.
A primeira pergunta foi feita por Boulos ao candidato José Luiz Datena. O deputado perguntou sobre a população de rua em São Paulo.
"Sobre a irresponsabilidade de ter uma cidade com 80 mil habitantes morando na rua, dentro de uma cidade-estado como São Paulo, isso é quase que um genocídio, é inadmissível", disse Datena.
"Os abrigos são de qualidade péssima. Tão péssima que as pessoas preferem morar na rua, dividindo o chão com ratos e baratas", continuou o apresentador. "Precisamos que a saúde chegue até essas pessoas. Onde estão os braços sociais da prefeitura?".
O segundo a perguntar foi o candidato Pablo Marçal (PRTB), e questionou o que o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) fez de errado para a cidade de São Paulo ter piorado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no último ano.
Nunes, por sua vez, preferiu responder sobre as ações que fez na cidade na área de Educação, falando das vagas criadas em creches, zerando a fila na capital, dos mais de 500 mil tablets entregues, o aumento no piso dos professores e outras ações.
Na tréplica, Marçal condenou a falta de resposta do prefeito no assunto e fez um novo questionamento da envolvimento do atual prefeito – candidato à reeleição – na investigação da Polícia Federal que investiga a chamada ‘máfia das creches’: “Queria que você explicasse que você recebeu dinheiro em relação a mais de 100 pessoas indiciadas pela Polícia Federal. Existe lá pagamentos em seu nome, no nome de familiar. E eu queria que você desse explicação.”, afirmou Marçal.
“Olha, Pablo Henrique. Quem fugiu da polícia foi você. Fugiu pela sua condenação de ter integrado uma das maiores quadrilhas desse país para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet. Quem foi preso foi você. A minha vida é limpa e continuará limpa para sempre. Nunca tive um indiciamento, nunca tive uma condenação e não terei. Porque meu passado é honrado”, declarou Nunes.
Por conta da fala do candidato do MDB, Pablo Marçal pediu um direito de resposta à organização do debate.
A terceira pergunta foi feita por Tabata Amaral a Boulos. Ela questionou o deputado sobre parcerias entre creches privadas e a prefeitura. Segunda ela, o deputado tem um pensamento divergente do PSOL, seu partido.
"Nós vamos não só manter as creches conveniadas na cidade de São Paulo, como vamos trabalhar para equiparar as condições salariais e de jornada, dar apoio, porque a gestão do Ricardo Nunes reduziu os repasses do ponto de vista da alimentação", alegou o psolista.
Tabata não se contentou com a resposta do adversário: "Nessa eleição, você abriu mão de muitos posicionamentos históricos que você e seu partido defenderam veementemente. Você dizia que era a favor da descriminalização das drogas, agora é contra. Dizia que era a favor da legalização do aborto, agora diz que defende a lei do jeito que está. Nessa semana, mudou sua posição em relação à Venezuela e diz agora que é uma ditadura. Mas seu partido mantém essas posições. Como você vai governar com seu partido contra, quando já existe uma dificuldade com partidos da direita?".
Boulos lamentou a pergunta e apontou que a candidata estaria faltando com a verdade. "Quando você se torna prefeito de uma cidade, ainda mais do tamanho de São Paulo, você não governa só para seu partido, só com suas ideias, você governa para a cidade inteira".
Ao final da resposta de Boulos, enquanto falava sobre uma proposta para a saúde, Tabata apareceu balançando a cabeça negativamente.
A quarta pergunta foi da candidata Marina Helena (Novo) para Ricardo Nunes (MDB). Ela questionou o trabalho da prefeitura para as crianças autistas na rede pública municipal de ensino. Ela também emendou outra questão sobre uma denúncia do portal Intercept, onde a campanha do MDB é acusada de pagar R$ 637 mil em aluguel de carros e ônibus para uma locadora de veículos que possuí apenas um carro.
Na resposta, Nunes falou sobre a construção do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (Centro TEA) que a gestão dele está construindo em Santana, na Zona Norte.
Mas ao responder sobre a denúncia, Nunes afirmou que “não tem a mínima ideia”: “Uma coisa você pode ter certeza, não existe qualquer coisa errada, como foi a minha vida e sempre vai continuar sendo”, afirmou o prefeito.
Na tréplica, a candidata do Novo disse que ia colocar nas redes sociais os detalhes da denúncia.
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“É uma denúncia que sugere desvio de dinheiro de campanha. E por que isso é importante: porque esse é um dinheiro que sai do seu bolso. (...) A questão aqui não é polemizar, mas entender o caráter de quem vai governar a nossa cidade pelos próximos quatro anos”, afirmou Marina Helena.
A primeira rodada terminou com uma pergunta de Marina Helena a Pablo Marçal. O tema abordado foi plano para reduzir impostos na cidade.
Marçal questionou o fato de o Novo usar dinheiro público do Fundão Eleitoral para fazer campanha: “O seu partido demonizava o fundão e agora está junto com todos os outros usando mais de R$ 120 milhões do dinheiro do povo para fazer campanha”.
Marina Helena retomou o assunto da redução de impostos e afirmou que “se a gente gastar menos com parasitas, com a companheirada e com esquemas, vai sobrar mais dinheiro pra cuidar de você [eleitor]. Dá pra fazer muito mais cobrando menos impostos”, declarou a candidata do Novo.
Na resposta, Marçal mencionou o candidato Boulos com um apelido, pediu desculpas, mas mesmo assim foi advertido e perdeu 30 segundos das considerações finais.
A segunda rodada, com perguntas feitas por jornalistas da Record e do R7, começou com um questionamento de Christina Lemos a Ricardo Nunes, com questionamento de Guilherme Boulos. O tema foi o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à candidatura do atual prefeito e possível influência em um novo governo.
Boulos, por outro lado, criticou o vice de Nunes: "Ele disse que o morador da periferia tem que ser tratado pior que o morador do Jardins".
A segunda pergunta feita por jornalistas foi de Rafael Algarte a Pablo Marçal, com comentários de Tabata Amaral. O tema foi a suposta relação de Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, partido de Marçal, com o crime organizado.
"Sobre o Leonardo [Avalanche], não foi instaurado nenhum procedimento, a não ser uma notícia. Se for, e tiver alguma ligação, espero que pague",afirmou o ex-coach.
A terceira pergunta feita por jornalistas foi de Bruna Lima a Guilherme Boulos, com comentários de Marina Helena. O tema foi a ligação do deputado federal com os movimentos de moradia.
A quarta pergunta feita por jornalistas foi de Christima Lemos a Datena, com comentários de Ricardo Nunes. O tema foi o comprometimento que Datena teria com cargo em caso de vitória na eleição e o comportamento emocional do candidato, fazendo referência à cadeirada em Marçal.
A quinta pergunta feita por jornalistas foi de Rafael Algarte a Tabata Amaral, com comentários de Pablo Marçal. O tema foi o possível apoio da candidata em caso de segundo turno formado por Nunes e Marçal.
Ela pediu "respeito com eleitor" e disse que “robô não vota”: “É muito importante que a gente tenha respeito com quem tá acompanhando esse debate. Porque robô, graças ao bom Deus não vota. Mas gente de carne e osso, gente que sabe quão difícil é chegar num posto sem atendimento ou andar num ônibus cheio e caindo aos pedaços, as linhas que não mudam há anos. Essas pessoas de carne e osso estão aqui, atentas ao debate e elas sabem que todas as palhaçadas que aconteceram nas últimas semanas, a gente pode até dar risada, mas sabe que o que colocar na urna em 6 de outubro vai impactar pelos próximos quatro anos”.
Segundo bloco
No segundo bloco, quem iniciou as perguntas foi Guilherme Boulos. O deputado federal questionou o atual prefeito sobre onde ele estava em 5 de novembro de 2023.
"Sabe onde ele estava no dia 5 de novembro do ano passado? São Paulo estava vivendo o pior apagão da nossa história, vocês se lembram, 2 milhões de pessoas sem luz durante dias seguidos, onde mais precisava de um prefeito. O Ricardo Nunes estava no camarote da UFC. Depois, no dia seguinte, no camarote da Fórmula 1, enquanto você sofria. Foi ali que eu percebi que você não podia mais continuar como prefeito de São Paulo, porque um prefeito tem que estar ao lado das pessoas na hora que elas mais precisam", disse Boulos.
Na sequência, Marçal perguntou a Datena quem foi o pior prefeito da história da capital. "Duro de responder", apontou o apresentador. "O Ricardo pode não ser o pior prefeito, mas ele tá ali", completou.
Em resposta, Nunes acusou Boulos de invadir o Ministério da Fazenda em 23 de setembro de 2015. "Você não entende o que que é a gestão. Aliás, você nunca fez gestão de nada, a não ser de ocupação", rebateu.
Nunes questionou Tabata Amaral sobre suas propostas para combate a enchentes e mudanças climáticas.
Para fechar o segundo bloco, Datena perguntou a Pablo Marçal. O apresentador questionou o empresário sobre segurança alimentar.
Considerações finais
Nas considerações finais, Datena falou de defesa da democracia e valorização do voto.
Já Pablo Marçal destacou a experiência dele como gestor e que e que é o único candidato a não usar dinheiro público na campanha.
Guilherme Boulos destacou “as muitas mentiras” dos adversários e afirmou que “eles não querem a mudança de verdade”, pedindo voto no nome dele.
Tabata Amaral falou sobre como a Igreja Católica e a Educação salvaram a vida dela, que ajudaram na carreira dela até a chegada ao Congresso Nacional, além de pedir para que as pessoas “não votem no candidato menos pior”.
Marina Helena destacou os 20 anos de carreira no setor privado e público, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Ricardo Nunes citou um versículo bíblico e destacou as vagas criadas em creches, citou Jair Bolsonaro (PL) e falou da saúde financeira da cidade durante a gestão dele nos últimos anos.
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